Leonardo SpA (LDO)
Principais resultados da análise
A Leonardo (LDO) é uma empresa italiana do ramo da defesa e da aeronáutica, que pode ser classificada como Turnaround, na medida em que está a iniciar um período de crescimento depois de anos de declínio.
A Leonardo distribui-se por quatro áreas de negócio: Helicópteros; Defesa, Eletrónica & Segurança; Aeronáutica; e Espaço.
De forma geral, acreditamos que o grupo está em condições de competir nas quatro áreas de negócio, muito embora a joia da coroa do portfólio seja o segmento de helicópteros.
O significativo volume de investimentos que a empresa dedica ao Research & Development (R&D) confere uma elevada competitividade à Leonardo. O investimento em R&D foi de € 1.6 bn em 2020, € 559 M dos quais financiados por terceiros. Este valor corresponde a quase 12% do volume total de receitas, revelando um esforço interno considerável, assim como a importância das colaborações externas, no processo de investigação da empresa.
O valor intrínseco obtido nesta avaliação foi de € 10.9/ação. À data desta avaliação, 12 de novembro de 2021, as ações da Leonardo valiam € 6.55/ação, conferindo um desconto de 40%.
Acreditamos que esta diferença tem um carácter provisório e que está relacionada com: o histórico de diminuição das receitas, que faz parte do passado na nossa opinião; com a volatilidade associada à natureza do negócio, muito dependente do setor militar; e, sobretudo, com os custos de reestruturação do segmento da Aeronáutica (mais de € 300M em 2020), que não permanecerão para sempre nas contas da Leonardo.
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No segmento de Helicópteros, a empresa destaca-se no setor civil, nomeadamente no segmento dos utilitários (helicópteros que podem ter várias funções) e em segmentos mais específicos, como o transporte para emergências médicas. Este segmento também fornece o setor militar, em particular nas áreas de Combate, Naval e de Busca & Salvamento. Em abril de 2020, a Leonardo adquiriu 100% da empresa suíça de helicópteros Kopter Group AG. Esta aquisição visa fortalecer a liderança e o alcance global da Leonardo no setor de helicópteros.
No segmento de Defesa, Eletrónica & Segurança, a Leonardo desenha e produz uma vasta gama de produtos destinados a aplicações de defesa e segurança, como sistemas de combate, sistemas de defesa de fronteiras e sistemas de proteção para navios. A empresa também oferece soluções de segurança para a proteção de cidades, territórios, fronteiras, grandes eventos e infraestruturas críticas, com base em sistemas avançados de análise de informação e comunicações seguras.
O segmento Aeronáutica possui duas linhas de negócios: aeronaves e estruturas aéreas. O negócio de aeronaves inclui participações numa série de programas de longo prazo, relacionado com o fabrico de aeronaves militares. A mais notável é a participação de 20% no Eurofighter Typhoon e a posição como fornecedor preferencial do programa de caças F-35, um jato militar que é utilizado pelas forças militares dos EUA, da Austrália, Coreia do Sul, Holanda, Israel, Itália, Japão, Noruega e Reino Unido. Para garantir uma posição num programa deste tipo, é necessário um alto nível de especialização em engenharia e a capacidade de gerir contratos de defesa complexos e em grande escala.
Na área das estruturas aéreas, a Leonardo fornece componentes estruturais para aviões comerciais de grandes grupos como a Boeing e a Airbus, para modelos como o 787, 767, A321 e o A220.
O segmento do Espaço representa apenas 2% do EBIT total do Grupo e inclui serviços e o fornecimento de componentes destinadas aos sistemas espaciais. A Leonardo está presente neste mercado através das suas subsidiárias Thales Alenia Space e Telespazio. A Telespazio oferece vários tipos de serviços ligados ao mercado espacial, na área das comunicações, navegação, observação e scanning com radar. A Thales Alenia Space fabrica componentes essenciais de sistemas espaciais, como sistemas de navegação por satélite ou sondas de exploração espacial e componentes especiais para sondas envolvidas na exploração de corpos celestes ou planetários.
MANAGEMENT
O governo italiano tem uma participação de 30% no grupo, possibilitando-lhe a nomeação de executivos. Isto coloca o grupo à mercê da agenda política italiana, o que condiciona a alocação eficiente de capital e a criação de valor para o acionista. Enquanto o estado estiver em posição de interferir nos assuntos do grupo, a autonomia e qualidade da administração estarão sempre em causa.
SITUAÇÃO FINANCEIRA
Embora impactados pela pandemia, os resultados alcançados em 2020 confirmaram a força do segmento de Helicópteros, que conseguiu manter o volume de receitas de 2019. A rentabilidade (na imagem da esquerda, EBIT por segmento), embora em queda, foi compensada pelas ações tomadas pela empresa para limitar os efeitos da pandemia. 111 novos helicópteros foram entregues em 2020 (156 em 2019). O ano de 2020 ficou marcado, negativamente, pela diminuição no contrato de serviços com o governo britânico (contrato IMOS, Integrated Merlin Operational Support) e positivamente, pelas encomendas provenientes do exército italiano, da US Navy (primeiras encomendas) e pelo fornecimento de helicópteros navais ao exército alemão.
O segmento da Defesa, Eletrónica & Segurança mostrou resiliência durante o ano da pandemia, mantendo o volume de receitas praticamente em linha com o de 2019, embora tenha registado uma diminuição de 12.4% no EBITDA.
O setor da Aeronáutica foi um dos mais afetados pela pandemia, em particular o segmento da aviação civil. O setor foi fortemente impactado pela diminuição de encomendas da Airbus, da Boeing e do consórcio GIE-ATR (Joint Venture com o Grupo Airbus, para a produção de aeronaves turboélice com capacidade entre 50 e 70 assentos). O programa GIE-ATR garantiu um volume de encomendas relevante em 2019, que não se viria a repetir em 2020 (10 entregas no período em comparação com 68 entregas no período homólogo). Os resultados das Joint Ventures, em particular a GIE-ATR, representaram 40% da diminuição registada no EBITDA em 2020. Na divisão de Aeronaves, os volumes de receita aumentaram cerca de 13%, com a sólida contribuição do programa F-35 e do programa de fornecimento de aeronaves Eurofighter Typhoon para o Kuwait.
A LDO registou € 13.8 bn de novas ordens em 2020, em linha com o registado no ano anterior. Segundo a LDO, a resiliência demonstrada em 2020 deveu-se à diversificação do seu portefólio, à sua vasta e diversificada presença comercial global, às ações de suporte comercial e de marketing e ao apoio do setor governamental italiano.
O setor militar foi o grande responsável pelo volume de produção registado em 2020, devendo esse sucesso aos programas existentes na divisão de Aircraft (com um fornecimento de peso para o Kuwait) e aos segmentos de Helicópteros e Eletrónica.
A dívida líquida da empresa aumentou para €3.3 bn, comparando com €2.8 bn em 2019.
OUTLOOK
O volume de novas ordens registou um aumento durante os primeiros nove meses de 2021 (9M21) e as receitas registaram subidas nas principais áreas de negócio.
O setor Defense, Electronics and Security na Europa e a divisão Aircraft registaram um excelente desempenho. O setor dos helicópteros sofreu uma redução nos 9M21 em comparação com o período homólogo, embora esta comparação reflita sobretudo a diminuição no contrato de serviços com o governo britânico (contrato IMOS, Integrated Merlin Operational Support). O negócio da aviação civil continua a ser o mais afetado pela pandemia, com o segmento Aerostructures a apresentar um declínio considerável do volume de receitas, fruto da redução das encomendas das grandes companhias AirBus e Boeing.
O EBIT continua pressionado pelos custos de restruturação associados aos acordos de despedimento dos trabalhadores da divisão Aerostructures.
A Leonardo espera alcançar um volume de receitas de € 14 bn no final do ano, uma meta que já não atingia desde 2014. O aumento das receitas será sustentado por novos pedidos e pela entrega de backlog na área militar, nomeadamente no programa do Kuwait.
Para os próximos anos, os analistas estimam que as receitas da Leonardo possam superar os € 15 bn em 2023 (crescimento de 4% ao ano), muito embora o histórico recente do backlog não mostre sinais de crescimento (ver imagem seguinte).
KEY DRIVERS
Os principais drivers de sustentabilidade da Leonardo são, na nossa opinião: a manutenção da tendência de crescimento das receitas ou, se preferirmos, a consolidação do processo de turnaround; e o fim do processo de restruturação do segmento de Aeronáutica, responsável pela absorção de mais de € 300M por ano.
TESE DE INVESTIMENTO
As receitas da empresa estão a recuperar gradualmente desde o mínimo de 2017, um indicador que saiu reforçado pela excelente resiliência demonstrada em 2020.
Acreditamos que a Leonardo é uma Turnaround e que as receitas continuarão a subir gradualmente ao longo dos próximos anos, sustentadas sobretudo pelo segmento de helicópteros, que ficou fortalecido com a aquisição da Kopter, e pela divisão Aircraft do segmento de aeronáutica, que beneficia das participações nos programas do Eurofighter Typhoon e dos caças F-35.
Considerando uma taxa modesta de crescimento de 2% ao ano até à perpetuidade (estimativa abaixo dos analistas), obtemos um valor intrínseco de € 10.9/ação (ver imagens seguintes).
À data desta avaliação, 12 de novembro de 2021, as ações da Leonardo valiam € 6.55/ação, conferindo um desconto de 40%. Acreditamos que esta diferença está relacionada com o histórico de diminuição das receitas, com a volatilidade associada a um negócio ainda muito dependente do setor militar e, sobretudo, com os custos de reestruturação do segmento da Aeronáutica (mais de € 300M em 2020).
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