Accell Group NV (ACCELL)
Principais resultados da análise
A Accell é uma empresa holandesa com cerca de 3.139 colaboradores espalhados por 15 países, que projeta, fabrica e comercializa bicicletas tradicionais e elétricas de reconhecida qualidade. A Accell é talvez a empresa que mais contribui globalmente para a difusão das bicicletas elétricas (e-bikes), proclamando a autoria das e-bikes e das e-mountainbikes.
Os seus produtos inovadores continuam a receber prémios internacionais. Os produtos são representados por várias marcas destinadas a diversos usos, como a prática desportiva de alta performance, transporte de cargas, circulação urbana, entre outros.
A Accell acredita que a eletrificação do setor será o grande driver de crescimento no longo prazo. O ato de pedalar assistido por baterias torna a bicicleta num meio de transporte menos físico e mais atrativo para um grande grupo de pessoas e regiões. As viagens tornam-se mais curtas, graças a uma velocidade média maior, acelerações mais rápidas após paragens e uma maior facilidade nas subidas, a pedalar contra o vento ou a transportar carga.
A Accell apresenta um histórico de crescimento consistente, mostra uma boa situação financeira e opera num setor promissor, que deverá beneficiar com as políticas ambientais em curso.
O valo intrínseco obtido foi de 36.5 €/ação. À data desta avaliação, 10 de dezembro de 2021, as ações estavam a ser transacionadas por 41.2 €.
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Os produtos são vendidos em cerca de 80 países. A Europa Central (Alemanha, Suíça e Áustria) representa 43% do total de receitas, Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) representa 26% e o resto da Europa (sobretudo Reino Unido, países nórdicos e França) é responsável por 29%.
O Outlook para o setor das bicicletas é positivo. A procura por bicicletas deverá crescer durante os próximos anos, impulsionada pelos subsídios e incentivos fiscais à utilização de bicicletas, pela melhoria das infraestruturas públicas e pela expansão do conceito da bicicleta partilhada.
Vários países da europeus estão a encorajar o uso de bicicletas elétricas, oferecendo subsídios ou incentivos fiscais na sua compra. A crescente popularidade das e-bikes está em parte relacionada com uma imagem favorável em termos ambientais e com o facto de se revelar uma boa alternativa ao carro e aos transportes públicos. As bicicletas e as e-bikes em particular, são consideradas parte da solução para o congestionamento das cidades, emissão do CO2 e estilos de vida sedentários.
Várias cidades europeias estão a investir em infraestruturas para bicicletas, tornando a sua utilização mais segura e eficaz. O governo português, por exemplo, anunciou recentemente que irá investir 300 milhões de euros, num total de mil quilómetros de troços para bicicletas, em várias localidades do país, no âmbito do plano Portugal Ciclável 2030. Até há pouco tempo atrás, o uso massivo de bicicletas urbanas eram um fenómeno exclusivo da Holanda e da Dinamarca. Atualmente está a assistir-se a uma mudança em vários países, inclusive em países do sul da europa como a Itália, onde as vendas subiram 20% em 2020, impulsionadas sobretudo pela procura de bicicletas urbanas.
O conceito de partilha ou aluguer de bicicletas está também a provocar mudanças no setor. O aluguer ou partilha de bicicletas está a crescer em várias cidades, com destaque para as zonas estudantis, havendo muitas pessoas a passarem dos transportes públicos para a bicicleta.
SITUAÇÃO FINANCEIRA
A Accell revela um crescimento consistente das receitas (imagem seguinte), apresentando, entre 2011 e 2019, um crescimento anual composto (CAGR) de 7.4%. No ano de 2020 a empresa apresentou um crescimento de quase 17%, beneficiando do impacto positivo causado pela pandemia.
A procura continuou forte em 2021, um ano que deverá acabar da melhor maneira: o processo de fabrico está mais prolongado devido a atrasos na entrega de componentes o que, combinado com problemas de logística que afetam todo o setor, deverá adiar uma parte importante das receitas para o último trimestre do ano.
O Resultado Operacional revela também um crescimento consistente ao longo dos anos (imagem seguinte), embora apresente uma quebra significativa entre 2015 e 2018. Esta diminuição é explicada por uma reorganização forçada das operações na América do Norte, motivada por um fraco desempenho operacional. Em 2019, a empresa venderia as operações da América do Norte, devido aos resultados persistentemente dececionantes.
A empresa apresentou um valor recorde de free cash flow (FCF) em 2020, motivado por uma baixa taxa de impostos e por uma grande contenção de custos. A baixa taxa de impostos é explicada pela carteira de impostos diferidos, de que a empresa fez uso em 2020. A contenção dos custos refletiu-se numa redução acentuada do Working Capital (imagem seguinte). Ambos as situações têm cariz pontual, pelo que não têm representatividade numa avaliação a longo prazo da empresa.
Nas figuras seguintes é possível verificar que a Accell apresenta um balanço robusto, bons rácios de solvabilidade e liquidez. A última figura demonstra que a empresa tem conseguido aumentar as suas reservas ao longo dos anos.
TESE DE INVESTIMENTO
A Accell apresenta um histórico de crescimento consistente, mostra uma boa situação financeira e opera num setor promissor, que deverá beneficiar com as políticas ambientais em curso.
A empresa tem muito por onde crescer, uma vez que a grande parte das receitas está concentrada num pequeno número de países. No entanto, não é garantido que a Accell consiga ser bem-sucedida numa eventual internacionalização, como em 2019, quando se viu forçada a vender as operações na América do Norte perante resultados negativos persistentes.
A Accell continuará a tentar destacar-se através da inovação e da qualidade dos seus produtos. Mas o setor das bicicletas tem poucas barreiras à entrada e os produtos, incluindo as e-bikes, não têm grande tecnologia associada. Como tal, apesar da margem operacional apresentar uma tendência de subida desde 2017 - subiu 2.5 pontos percentuais desde essa altura - no nosso modelo considerámos que a margem operacional subirá apenas mais 2 pontos percentuais até alcançar a maturidade.
Nas receitas, estimámos um CAGR de 7% até 2025 (em sintonia com as projeções dos analistas), a reduzir gradualmente até estabilizar num crescimento médio anual de 2%. A taxa de impostos utilizada foi de 25%, correspondendo à taxa marginal praticada atualmente na Holanda.
Mantivemos os gastos de capital em linha com os valores registados nos últimos 5 anos.
O valo intrínseco obtido foi de 36.5 €/ação. À data desta avaliação, 10 de dezembro de 2021, as ações estavam a ser transacionadas por 41.2 €.