Greenvolt – Energias Renovaveis SA

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  • Agosto 1, 2021

 

 

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Principais resultados da análise

 

A​​ Greenvolt​​ (GVOLT) dispensa apresentações para a maioria dos portugueses, dado que foi alvo de muita atenção mediática nos últimos meses. Este frenesim acontece sempre que há uma nova​​ entrada de uma empresa portuguesa em bolsa, o que se compreende dada a situação atual do mercado de capitais em Portugal (tema que será alvo de um artigo no futuro).​​ 

A GVOLT é uma​​ spinoff​​ da Altri (análise da ALTR disponível na MyStockIdeas) que ambiciona​​ afirmar-se no mercado internacional das energias renováveis, expandindo o seu​​ core-business​​ de aproveitamento energético da biomassa para a energia solar e energia eólica.​​ 

Através das suas subsidiárias, a GVOLT está envolvida na produção e venda de energia bioelétrica, na produção e distribuição de energia elétrica e térmica através de cogeração, no desenvolvimento de projetos e na produção e comercialização de energia eólica e de energia solar fotovoltaica.

A entrada na bolsa portuguesa teve como principal propósito obter uma fonte de financiamento adicional, para alavancar o crescimento da empresa nos próximos anos.

O valor intrínseco obtido foi de €5.4/ação. À data desta avaliação, 31 de julho de 2021, o valor de mercado era de €4.8/ação, conferindo um desconto de 11%.

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O negócio da biomassa passou a ser integralmente detido pela Altri em 2018, com a aquisição de 50% das ações à​​ EDP Produção – Bioelétrica S.A. A Altri passou então a liderar o negócio da biomassa em Portugal, com 4 centrais e mais uma​​ central adicional em construção (Figueira da Foz II), cuja entrada em serviço se previa para o primeiro semestre de 2019. A Altri conseguiu assim alavancar o seu negócio de gestão florestal, através do aproveitamento da biomassa para uso energético.

Em 31​​ de dezembro de 2020, a Altri adquiriu a​​ Golditábua, passando a deter licenças de operação da central fotovoltaica de Tábua. Segundo a GVOLT, esta central deverá entrar em operação em 2022.

Em 2021, a ALTR e a​​ V-Ridium​​ entraram num acordo de investimento, que culminou na transferência da área de negócios das energias renováveis da empresa polaca para a GVOLT, passando assim a deter um portefólio de instalações em desenvolvimento e em fase de operação, de energia solar e eólica, localizadas na Polónia, Grécia, Itália e França. A​​ V-Ridium, passou a deter uma participação de 9,59% no capital da​​ Greenvolt. A juntar a esta participação são conhecidas outras, como do​​ Santander,​​ Bestinver​​ ou da gestora de fundos dos Países Baixos,​​ Nationale-Nederlanden.

 

INDÚSTRIA

O consumo de energia tem vindo a crescer ao longo dos anos, impulsionado pelo crescimento demográfico e pela melhoria do nível económico dos países. Os setores dos transportes, indústria e edifícios (residenciais, comerciais e serviços) são responsáveis​​ pelo consumo de quase 80% da energia total disponível, distribuída de forma equativa pelos três setores.

As energias fósseis continuam a ser a principal fonte de energia, com os produtos petrolíferos a representar 41% do total. No entanto, o setor da eletricidade tem crescido gradualmente, tudo apontando para uma continuidade deste crescimento, em detrimento das energias fósseis.

As energias renováveis apresentam um papel central no combate às alterações climáticas.​​ 

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No acordo de Paris, foram estipulados três objetivos globais:​​ limitar o aumento médio da temperatura global bem abaixo dos 2 ˚C e prosseguir esforços para limitar o aumento médio da temperatura global a 1,5 ˚C; aumentar a capacidade de adaptação aos impactos adversos das​​ alterações climáticas e promover a resiliência climática e o desenvolvimento de baixo carbono; e tornar os fluxos financeiros consistentes com trajetórias de desenvolvimento resilientes e de baixo carbono.

No acordo de Paris foram estabelecidos ciclos de 5​​ anos, com objetivos cada vez mais ambiciosos. Cada país ficou responsável pela apresentação de um plano de ação nacional para as alterações climáticas, atualizado a cada 5 anos, detalhando as ações destinadas à redução das emissões de gases com efeito de​​ estufa, em linha com os objetivos traçados no acordo. ​​ 

Se todas as metas definidas no acordo de Paris forem implementadas, serão adicionados 1.041 gigawatts (GW) de fontes renováveis até 2030, metade dos quais na Ásia (567 GW). Isto significa que​​ a capacidade instalada de produção de energia a partir de fontes renováveis deverá crescer 42% ao longo da próxima década, de 2.523 GW em 2019 para 3.564 GW em 2030.

O Acordo de Paris estabelece ainda que será necessário alcançar a neutralidade carbónica na segunda metade deste século. Neste contexto, a Comissão Europeia criou o plano​​ RCN 2050, que visa assegurar a neutralidade carbónica na EU até 2050.​​ 

 

Nesta estratégia – também conhecida por​​ European Green Deal​​ - foram definidos vários​​ guidelines, para os quais será necessário um investimento significativo. Estima-se que será necessário um investimento anual adicional de €260 bilhões para se alcançarem as metas de 2030, o correspondente a cerca de 1.5% do GDP de 2018. O setor privado será um fator chave no financiamento da transição energética.​​ 

A energia hídrica continua a ser a tecnologia predominante no​​ mix​​ de energias renováveis, com a sua taxa de utilização a manter-se constante ao longo do anos (41% a nível global). No entanto, assistiu-se a um aumento significativo da energia eólica e da energia solar na última década. Na Europa, a energia eólica é já a energia renovável com maior peso relativo, 36%, seguindo-se a hídrica com 30%. A energia solar corresponde a 14% do total.

 

 

 

O​​ outlook​​ do mercado das energias renováveis é, por conseguinte, positivo, prevendo-se um crescimento mais acentuado das componentes de energia solar e eólica. Na Europa, prevê-se um CAGR de 6% no solar e um CAGR de 5% nas eólicas, até 2030. Com a neutralização carbónica em vista,​​ o governo português lançou um conjunto de leilões em 2019 e 2020, destinados a aumentar a capacidade instalada de energia solar.​​ 

 

MANAGEMENT

João Manso Neto é o atual CEO da GVOLT. Manso Neto tem formação em economia, tendo dedicado parte da sua carreira​​ à Banca. Só entraria na EDP em 2003, assumindo a função de CEO da EDPR em 2012. Manso Neto é considerado um dos grandes responsáveis pelo percurso bem-sucedido da EDP Renováveis (EDPR).

Manso Neto está a ser alvo de investigação pelo Ministério Público por​​ suspeita de corrupção por factos ocorridos na EDP. Não obstante, acreditamos que a sua experiência será uma mais-valia para a GVOLT.

Paulo Fernandes é um dos membros principais da administração da GVOLT. Engenheiro de formação, Paulo Fernandes tem sido um​​ dos grandes empreendedores da sua geração. O seu percurso está diretamente ligado ao crescimento do grupo Cofina, da Altri e da F. Ramada.​​ 

A dupla Paulo Fernandes/ Manso Neto transmite confiança ao projeto da GVOLT.

 

SITUAÇÃO FINANCEIRA

No final de​​ 2020, as receitas ascenderam a €122 M e o EBIT a €21M, apresentando uma margem de lucro operacional de 17%.

A estratégia de crescimento da GVOLT passará pela aquisição e otimização de ativos de biomassa na Europa, pelo desenvolvimento de novos ativos no campo da energia solar fotovoltaica e eólica​​ on-shore​​ e pela rotação de ativos (estratégia já utilizada por Manso Neto na EDPR). Esta​​ estratégia incidirá sobre geografias onde a GVOLT acredita que o setor das energias renováveis continuará a apresentar um forte crescimento e onde existem grandes desafios associados a retornos elevados, nomeadamente Portugal, Polónia, Grécia, Itália, França e Roménia.​​ 

 

TESE DE INVESTIMENTO

Em termos financeiros, a GVOLT espera incrementar o EBITDA consolidado a uma​​ taxa anual de 40% até 2025. Como tal, no modelo financeiro considerámos um crescimento dessa ordem até 2025, a diminuir gradualmente a partir de 2026. No modelo financeiro, considerámos ainda: uma ligeira subida da margem operacional, a refletir benefícios​​ de escala; uma descida gradual dos gastos de capital, a refletir a diminuição do investimento em novos ativos: e impostos sobre rendimentos de 25%. O valor intrínseco obtido é de €5.4/ação (figura seguinte).

À data desta avaliação, 31 de julho de 2021, o​​ valor de mercado das ações era de €4.8/ação, conferindo um desconto de 11%.

 

 

 

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