Reworld Media

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  • Julho 9, 2021

 

 

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Principais resultados da análise

 

A Reworld Media (ALREW) é uma empresa francesa de media, de conteúdos temáticos​​ (1ª editora de imprensa temática​​ em frança, 4º grupo de media temática em digital), que está a tentar adaptar-se à transformação digital.​​ Fundada​​ em 2012, o grupo foi pioneiro na transição digital de ativos de media, distribuindo a sua atividade​​ por dois polos, um destinado ao cliente final (B2C) e outro destinado às empresas (B2B).​​ 

No B2C a empresa serve uma audiência de mais de 30 milhões de consumidores, principalmente leitores que seguem as 48 marcas proprietárias de revistas ou conteúdo jornalístico disponibilizado pela ALREW no formato impresso (em papel) ou digital. Marcas emblemáticas como o​​ Le​​ Figaro​​ ou a​​ Marie Claire​​ fazem parte do portefólio da ALREW.​​ 

No B2B a empresa oferece soluções ligadas à comunicação e marketing das empresas, privilegiando canais como o​​ prodcast, as redes sociais, ou outro tipo de meio digital. Neste polo, a empresa beneficia da participação de​​ 28%​​ que detém no Grupo​​ Hopscotch​​ e da sua plataforma​​ de marketing​​ afiliada​​ Tradedoubler.​​ Grande parte das receitas provem da publicidade efetuada nas revistas, 82% das quais no formato digital.

O valor intrínseco obtido nesta avaliação foi de 6.5 €/ação. À data desta avaliação, 09 de julho de 2021, as ações da ALREW estavam a ser transacionadas por 3.95 €, conferindo um desconto de 40%.

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A crise​​ sanitária​​ teve​​ um​​ forte impacto em todos os meios de comunicação. A impressão de revistas caiu 28%,​​ enquanto que o​​ digital​​ ficou​​ relativamente preservado,​​ tendo registado​​ um ligeiro aumento de 0,5%. A participação de mercado dos investimentos em publicidade digital passou a representar 26%​​ do mercado total, um aumento de 6 pontos em relação a 2019. Essas mudanças ilustram a aceleração da digitalização​​ nas alavancas de comunicação.

 

VANTAGEM COMPETITIVA

Na nossa opinião,​​ as sucessivas aquisições que caracterizam o percurso da ALREW desde a data da sua criação, em 2012,​​ têm ajudado a consolidar​​ uma vantagem​​ competitiva,​​ relacionada com efeito de​​ escala.​​ 

Identificamos dois principais benefícios decorrentes do​​ efeito de escala: o primeiro, está relacionado com a​​ possibilidade de​​ redução dos custos de​​ distribuição​​ (maior capacidade de negociação com as empresas distribuidoras);​​ o segundo prende-se com​​ os baixos custos de manutenção das​​ plataformas digitais,​​ as quais, uma vez criadas, não acarretam custos adicionais significativos, mesmo​​ quando o​​ conteúdo disponibilizado​​ aumenta.

O​​ percurso​​ da empresa​​ tem sido feito com​​ muita​​ polémica à mistura. A ALREW é acusada de​​ colocar​​ a​​ qualidade​​ da informação em segundo plano​​ e​​ de​​ estar a perder​​ independência​​ no​​ seu​​ conteúdo jornalístico. Isso tem levado à saída de muitos jornalistas, em desacordo com as políticas editoriais implementadas. A imagem da empresa sai prejudicada deste processo.

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MANAGEMENT

A ALREW é gerida por​​ Pascal Chevalier​​ e​​ Gautier Normand, cofundadores da empresa, que têm baseado o seu modelo de negócios em aquisições.​​ A ambição de abraçar novos ramos de atividade e continuar a expandir o negócio foi reforçada pela criação da​​ Reworld Media TV, em abril de 2020, um novo ramo dedicado à produção de canais temáticos e serviços​​ Video on Demand​​ que disponibilizam conteúdo da ALREW.

A ALREW tem recorrido frequentemente à emissão de ações para se financiar.​​ O número de ações quase duplicou nos últimos 5 anos​​ (imagem seguinte).​​ 

No mesmo período, o crescimento dos resultados​​ conseguiu​​ superar​​ o efeito de diluição provocado pela emissão das ações (imagem seguinte).​​ ​​ A​​ situação de tesouraria atual e o cash-flow gerado nos últimos 2 anos (quando excluído o resultado excecional)​​ fazem-nos acreditar que a empresa não necessitará de​​ recorrer,​​ nos próximos anos,​​ a​​ emissões​​ adicionais​​ de ações​​ para se financiar.​​ 

Parte da remuneração dos seus colaboradores e dirigentes é realizada​​ também​​ com recurso a ações, não sendo de esperar alterações nessa matéria.​​ Este tipo de​​ remuneração​​ representou​​ um acréscimo​​ de​​ 3.5%​​ no número total de​​ ações​​ em 2020.​​ 

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SITUAÇÃO FINANCEIRA

A empresa alcançou os 424M€ de vendas em 2020, mais que duplicando as receitas em 5 anos​​ e registando uma subida de 44% face a 2019. A subida registada em 2020 deve-se,​​ em grande parte,​​ à aquisição da​​ Mondadori France.​​ 

24% das receitas foram realizadas no exterior de França.​​ 

No B2C, 27% das receitas de 2020 tiveram origem em subscrições, o que representa uma descida de 4% face a 2019. As vendas diretas foram bastante impactadas pela pandemia, tendo registado uma diminuição de 14% face a 2019.​​ 

No B2B, o volume de negócios diminuiu 7%, ainda que a atividade digital (corresponde a 82% das receitas deste polo de atividades) tenha registado um crescimento de 3%. As receitas totais foram afetadas pela diminuição do volume de publicidade nas revistas impressas, registando uma redução de 36% face a 2019.​​ 

A​​ empresa terminou o ano de 2020 com uma tesouraria (cash) de 104 M€​​ no balanço, face a 54M€ registados em 2019. Este crescimento reflete um​​ cash flow​​ operacional de +29 M€ e um​​ cash flow​​ de financiamento de +32 M€ (crédito COVID concedido pelo governo francês), contrabalançados por um investimento de - 9 M€.

 

TESE DE INVESTIMENTO

Uma das questões-chave desta avaliação prende-se com os​​ resultados​​ excecionais, supostamente não recorrentes, que a empresa apresentou em 2019 e 2020, no montante de -34.6 M€ e -25.9 M€ respetivamente.​​ Em 2020, estes custos​​ deveram-se, sobretudo,​​ a​​ dois fatores:​​ à​​ restruturação da rede de distribuição das revistas impressas,​​ forçada​​ pela falência da​​ Presstalis,​​ a empresa​​ que garantia 50% da distribuição da ALREW;​​ e​​ ao fecho do semanário​​ Grazia, que deixou de ser impresso,​​ passando a estar​​ disponível apenas no formato digital.

Se estes custos​​ apresentarem, realmente, um caracter não recorrente, então o valor intrínseco da​​ ALREW​​ poderá estar​​ muito acima do valor atual do mercado.​​ 

Se,​​ por hipótese,​​ os custos não recorrentes passarem​​ de -25.9 M€​​ para -15 M€,​​ isso traduzir-se-á num aumento de 11 M€ no resultado antes de impostos​​ e de 7 M€​​ nos​​ resultados depois de impostos (à​​ taxa de 35%). Somando este​​ resultado​​ ao​​ valor​​ de​​ Free Cash Flow​​ (FCF) registado em 2020​​ -​​ rondou os​​ 12 M€​​ excluindo a​​ variação do capital circulante​​ -​​ obm-se um FCF​​ final​​ de 19 M€. Contando que o resultado Líquido de 2021​​ beneficiará da recuperação de​​ parte das receitas que foram impactadas pela pandemia,​​ o FCF​​ poderá aproximar-se​​ dos​​ 20 M€​​ no final deste​​ ano.​​ Se a empresa mantiver a sua política de​​ expansão​​ atual,​​ o​​ FCF​​ poderá​​ atingir​​ os​​ 25 M€ em 2025.​​ 

Tudo isto resulta num valor intrínseco de 6.5 €/ação.​​ À data desta avaliação, as ações da ALREW estavam a ser transacionadas por 3.95 €, conferindo um desconto de 40%.

 

 

 

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