Hapag-Lloyd AG

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  • Junho 5, 2021

 

 

Principais resultados da análise

 

A Hapag-Lloyd (HLAG) é uma das maiores empresas de transporte marítimo do mundo, com 217 navios, capacidade de transporte de 1.7 milhões de TEU (Twenty-foot Equivalente Unit) e mais de 13 000​​ colaboradores, distribuídos pelos 6 continentes.

A HLAG acredita que a qualidade e a confiança serão fatores competitivos decisivos no futuro e que os clientes estarão dispostos a pagar mais por esses requisitos. No plano estratégico definido até 2023, o principal​​ objetivo é tornar-se na empresa número 1 em termos de qualidade​​ (10 novos compromissos de qualidade​​ serão implementados​​ até final de 2021).​​ 

Em termos quantitativos, a HLAG ambiciona alcançar um share de 10% a nível global​​ (excluindo intra-ásia). Com isso em vista, a empresa continua a procurar expandir-se no mercado tradicional, adquirindo ou arrendando capacidade adicional de TEU. A HLAG está também a apostar na área do transporte especial, nomeadamente na área dos contentores refrigerados (transporte de​​ produtos​​ que precisam de ser preservados), onde tem​​ vindo a expandir o seu market share.

O valor intrínseco obtido foi de 175 €/ação. À data desta avaliação, 05 de junho, as ações da HLAG estavam a ser transacionadas por 166 €/ação.

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A redução de custos tem sido um objetivo constante ao longo dos últimos anos, com a implementação bem-sucedida de vários programas de controlo de custos. O mais recente programa,​​ Performance Safeguarding Program, levou a uma​​ redução de custos na ordem dos 500 M$ em 2020, havendo perspetivas de poupanças adicionais para 2021.

A HLAG está a tentar aumentar a sua influência no transporte terrestre de contentores (“door-to-door”). Este tipo de carga requer outro tipo de serviços,​​ levando as empresas como a HLAG a recorrer a parceiros (ver ponto seguinte).​​ 

 

INDÚSTRIA

Cerca de 90% dos bens são transportados pela via marítima, fazendo do transporte marítimo o mais importante meio de transporte de mercadorias global.

O setor sofreu uma grande transformação nos últimos anos, com a criação de alianças estratégicas. Todas as principais companhias marítimas de contentores, incluindo a HPAG, estão agora aliadas em três grandes grupos. As alianças permitiram que as maiores empresas aumentassem a rentabilidade dos seus recursos. Por outro lado, as empresas mais pequenas passaram a alcançar novos destinos sem ter de investir numa frota maior de navios. Dado que as embarcações maiores podem ser 30% mais eficientes em termos de combustível, as pequenas empresas passaram a beneficiar também de economias de escala.

Na prática, existem duas razões por detrás da criação destas alianças - uma financeira, a outra operacional. Do lado financeiro, as alianças beneficiam de economias de escala, ao estender​​ o alcance das operações para o meio terrestre. ​​ Do lado operacional, as empresas conseguem reduzir a complexidade operacional e melhorar a qualidade dos seus serviços. As alianças começaram com a partilha de navios no comércio da Ásia para a Europa, expandindo-se, gradualmente, para outras partes do globo.

As condições económicas relacionadas com o setor dos transportes marítimos deverão melhorar ao longo de 2021. O FMI estima um crescimento de 5.5% para 2021. O volume global de trocas comerciais deverá crescer cerca de 8.1%, depois de decrescer 9.6% em 2020. Estima-se um crescimento de 4.8% no volume de transportes de TEU, colocando a atividade acima do nível de 2019.​​ 

 

VANTAGEM COMPETITIVA

A HPAG parece ter melhorado a sua capacidade competitiva desde a aquisição da UASC em 2017. Desde então, os rácios de rentabilidade têm vindo a melhorar, tornando a HPAG numa das mais lucrativas e financeiramente estáveis empresas do setor.

O aumento da eficiência da HLAG é especialmente visível no consumo de​​ combustível. O consumo de combustível diminuiu 6.1% em 2020, face a uma redução do volume de transporte de apenas 1.6%. Comparando com 2009, o consumo de combustível por TEU regista uma redução acumulada de 42%!

O aumento da eficiência da HLAG está patente​​ nos serviços de transporte. No transporte marítimo de contentores, o fluxo de mercadorias entre diferentes regiões varia em termos de tamanho e estrutura. Isso deve-se às diferenças de volume na importação e exportação de mercadorias. A maioria das rotas​​ tem um percurso dominante, com um volume de carga maior, e um percurso não dominante, com um menor volume de transporte. A capacidade do transporte tem de ser dimensionada para os volumes do percurso dominante. No entanto, as empresas tentam minimizar o número de contentores vazios nos percursos não dominantes, de forma a rentabilizar o transporte. Num dos indicadores que mede o desempenho das empresas nesta matéria - divisão do número de contentores cheios no percurso não dominante por dez contentores cheios no percurso dominante - a HPAG apresenta resultados superiores à média do mercado.

 

SITUAÇÃO FINANCEIRA

No ano de 2020, o volume de transportes diminuiu 1.6%. A pandemia provocou um grande impacto na procura durante o segundo trimestre do ano. No terceiro e quarto trimestre do ano assistiu-se a uma forte recuperação, impulsionada pelo aumento do consumo nos EUA e Europa. Essa recuperação assumiu uma dimensão tal, que provocou um aumento do custo dos transportes provenientes da Ásia ainda em 2020 - o custo médio do frete subiu 4% em comparação com o período homólogo do ano anterior. Isso contribuiu para um aumento de 1.3% das receitas da​​ HLAG, apesar da desvalorização do US $ - a variação do US $ tem um grande impacto nos custos da empresa - e da redução do volume efetivo de transportes.

Os custos operacionais apresentaram uma diminuição de 5.8% face ao ano anterior que se deveu, sobretudo, à diminuição dos custos de combustível, à desvalorização do US $ e à gestão ativa de custos levada a cabo pela HLAG no​​ âmbito do programa interno​​ Performance Safeguarding Program.​​ 

Isto resultou numa redução total de custos de $ 500M.

A empresa registou também um aumento significativo do resultado operacional (EBIT), com uma subida de 62% face ao ano anterior, e um aumento do​​ free cash flow, que a empresa utilizou para reduzir a dívida em mais de 1 B €.

Uma imagem com texto

Descrição gerada automaticamente

O primeiro trimestre de 2021 manteve a tendência de grande procura verificada do final de 2020, levando a um novo aumento dos preços de transporte e a um novo recorde no EBIT registado pela empresa.

Em suma, o aumento dos custos dos transportes, associado à redução dos custos de combustível e à redução de custos internos, criaram condições quase perfeitas para a HLAG, que vieram a refletir-se nos resultados​​ históricos apresentados em 2020.​​ 

 

TESE DE INVESTIMENTO

Os principais fatores que influenciam o resultado operacional da HLAG são o volume de transporte, a taxa de frete, o valor do US $ relativamente ao euro e os custos operacionais, em particular o combustível.​​ A eficiente utilização do espaço livre do navio e da capacidade de transporte têm também uma grande influência na rentabilidade da empresa.

A HLAG espera um EBIT para o ano de 2021 claramente acima dos níveis de 2020, com grande parte da receita de​​ 2021 a gerar-se nos dois primeiros trimestres do ano. Esta avaliação é baseada, em particular, nas premissas de que o volume de transporte irá aumentar ligeiramente e que a taxa média de frete verificada em 2020 irá manter-se. Ao mesmo tempo, é esperado um aumento do preço de combustível, o que terá um impacto negativo no EBIT.​​ 

Os principais riscos para a empresa são uma desaceleração no crescimento da economia mundial e do volume de comércio mundial, o aparecimento de crises geopolíticas, um aumento significativo e sustentado nos preços do combustível, uma subida das taxas dos​​ charters​​ (contratação a terceiros de navios e tripulação), um aumento significativo e sustentado do valor do euro face ao US $ e uma queda na tarifa média de frete.​​ 

O ano de 2020 foi favorável à HLAG. O ano de 2021 poderá ser ainda melhor. No entanto, é espectável que alguns dos fatores que contribuíram favoravelmente para os resultados do setor venham a tornar-se menos favoráveis nos próximos tempos, como o preço do combustível ou​​ a taxa de frete. Por outro lado, a rentabilidade da HLAG é já uma das mais altas do setor, sendo difícil de superar.​​ 

Pesando todos os fatores, acreditamos que a HLAG irá apresentar um crescimento forte das receitas nos próximos 5 anos, beneficiando da melhoria das condições macroeconómicas. Acreditamos que a empresa conseguirá manter as margens de lucro registadas em 2020, compensando o aumento dos custos do combustível e a redução da taxa de frete com reduções de custo obtidas com os seus programas de​​ controlo de custos e com o aumento de eficiência no consumo de combustível e nos serviços de transporte. A HLAG deverá conseguir também manter uma taxa de impostos reduzida (inferior a 10%), beneficiando do tipo de cobrança característica do setor, tanto na Alemanha como em muitos outros países, que afeta os impostos à capacidade de carga e não aos lucros gerados.

Tudo isto resulta num valor intrínseco de 175 €/ação. À data desta avaliação, 05 de junho, as ações da HLAG estavam a ser transacionadas por 166 €/ação.

Nota1: No modelo utilizado, a taxa de reinvestimento (Capex-Depreciação) é sempre negativa e consequentemente o ROC é também negativo, por uma questão de simplificação – no valor da Depreciação estão incluídas as depreciações dos direitos de uso, fazendo com que o seu valor, neste modelo, seja permanentemente superior ao valor do Capex.

Nota2: A HLAG tem apenas 3.6% de Free Float. Os restantes 96.4% das ações pertencem a empresas ou fundos de investimento.

 

 

 

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