Magna International (MGA)
Principais resultados da análise
A Magna International (MGA) tem mais de seis décadas de experiência no setor da indústria automóvel, fornecendo uma vasta gama de produtos, tais como exteriores, interiores, assentos, roof systems, carroçarias e chassis, grupos propulsores, sistemas eletrónicos e de visão artificial, sistemas de fecho, sistemas para veículos elétricos, entre outros produtos. A maior parte das receitas da empresa são provenientes da América do Norte e da Europa.
Em termos de capital, a empresa segue uma abordagem conservadora, apostando num balanço forte com grande liquidez e em boas notações de risco de crédito (classificação das agências de rating). Esta estratégia confere resiliência à MGA em tempos de crise.
A MGA tem retornado uma quantia significativa aos acionistas ao longo dos anos, através da distribuição de dividendos e de recompra de ações. Em 2019 a empresa distribuiu $1.7B aos seus acionistas através destes mecanismos.
De acordo com o nosso modelo financeiro, o valor intrínseco da MGA será de $84/ação. À data desta avaliação, as ações estão a ser transacionadas ao preço de $87, um valor justo na nossa opinião. Mas a MyStockIdeas procura por ações a preço de saldo e não ao preço justo. Por isso, a opção de compra só se colocará caso ocorra uma correção que leve o preço das ações para um valor inferior a $60/ação.
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EMPRESA
A MGA tem um departamento de R&D que dá cartas no setor. Está envolvido em três grandes tendências do setor atualmente: assistência à condução (soluções que visam maior comodidade e segurança); eletrificação (soluções modulares e escaláveis de grupos propulsores destinados a veículos elétricos e híbridos); e smart mobility (soluções que visam melhorar a experiência dos condutores).
Na área da assistência à condução, ou ADAS (Advanced Driver Assistance Systems), a empresa é responsável pelo desenvolvimento e fornecimento do sistema Magna ADAS a mais de 100 modelos de veículos diferentes. Nesta área estão incluídos ainda serviços de autonomia como o 3D Surround View Systems que permite uma visão 360º da envolvente, ou o Magna Autonomous Valet que combina sistemas de vídeo com tecnologias de ultrassom e radar, para detetar lugares de estacionamento disponíveis e estacionar o carro automaticamente (https://www.magna.com/products/power-vision/advanced-driving-assistance-technologies).
Na área da eletrificação, a MGA disponibiliza um conjunto de sistemas propulsores destinados a carros elétricos ou híbridos, que oferecem uma solução modular e escalável. Esta solução permite acoplar blocos de motor elétricos a um motor de combustão interna, ou ICE (Internal Combustion Engine), reduzindo as emissões de CO2 enquanto aumenta a capacidade do motor original. Segundo a empresa, esta solução permite aos fabricantes de automóveis manter as configurações dos seus modelos, uma vez que os blocos podem ser adaptados a todos os segmentos.
Na área da smart mobility, a MGA apresenta várias soluções que melhoram a experiência dos condutores, como por exemplo os assentos flexíveis e reconfiguráveis que se adaptam às diferentes funções que um veículo pode desempenhar (ida ao supermercado, viagem, dia-a-dia). Outra das soluções consiste numa forma mais intuitiva de entrar e sair do veículo, recorrendo ao toque no exterior ou no interior da viatura.
A estratégia de inovação estende-se também à utilização de materiais avançados, com especial foco na diminuição do peso do veículo. A inovação inclui ainda a otimização dos seus processos produtivos, através do recurso a tecnologias das áreas da robótica, inteligência artificial e de realidade aumentada.
INDÚSTRIA
A indústria automóvel está num processo de transformação. Essa transformação não se resume apenas à penetração dos carros elétricos. Estende-se ao “carsharing”, aos carros autónomos e à conectividade. Mais do que mudanças tecnológicas, estas tendências irão provocar transformações sociais, de alcance ainda desconhecido.
Os processos de digitalização já provocaram disrupções em alguns setores e o setor automóvel não será exceção. No entanto, algumas destas tendências estão ainda numa fase inicial de vida, não permitindo traçar uma perspetiva integrada daquilo que vai ser a indústria automóvel no futuro.
Pensa-se que a conetividade irá tornar os veículos numa plataforma onde os passageiros poderão tratar dos seus assuntos pessoais ou profissionais, via WEB.
Nas grandes cidades, onde a falta de lugares de estacionamento e as filas de trânsito são um problema, o carsharing deverá assumir-se como uma alternativa. O carsharing deverá possibilitar a redução dos custos familiares com viaturas e libertar o tempo de condução para outros fins. Este negócio terá maior expressão nas grandes cidades, onde poderá beneficiar do efeito de escala, em contraste com os centros rurais onde os carros privados deverão continuar a liderar as preferências da população.
A penetração dos carros elétricos e autónomos deverá ser maior nos países mais desenvolvidos, onde as exigências ambientais são maiores e as famílias têm condições financeiras para suportar os custos destas novas tecnologias.
Players tecnológicos e start-ups deverão assumir um papel relevante no setor dos autónomos, um setor que terá nas entidades regulatórias talvez o seu maior desafio. A penetração de veículos autónomos será gradual, acompanhando o ritmo das restrições impostas pelas entidades reguladoras.
Os veículos elétricos deverão continuar a conquistar share do mercado à medida que as regras relativas às emissões de CO2 se tornarem mais apertadas, os preços das baterias forem baixando e a aceitação por parte dos condutores for aumentando.
No conjunto, o mercado global de automóveis deverá continuar a registar crescimento na próxima década. Estima-se que esse crescimento seja de aproximadamente 2%, em comparação com o crescimento de 3.5% verificado nos últimos 5 anos. Esse crescimento será sustentado sobretudo pelo alargamento da classe média nos países em desenvolvimento, como a China e a Índia.
Acreditamos que a MGA está bem posicionada para ajudar os seus clientes a abraçar estas mudanças, através dos seus produtos tecnologicamente evoluídos e da sua capacidade de R&D.
VANTAGEM COMPETITIVA
A Magna International é um dos maiores e mais diversificados fornecedores de auto peças do globo. No setor automóvel, a diversidade pode não significar sucesso. Muitas empresas especializam-se numa determinada área do veículo, criando desafios à MGA. Nas transmissões por exemplo, temos o caso da Alisson, cuja análise foi disponibilizada pela MyStockIdeas em junho de 2020.
A empresa beneficia de custos associadas à mudança, o que se traduz em relações de longo prazo com os seus clientes.
A MGA apresenta também um portefólio de produtos inovadores que a coloca numa boa posição face aos desafios de mudança que se aproximam. Se bem que as inovações são rapidamente copiadas, ou até melhoradas, pela concorrência no setor automóvel.
Quando analisamos o retorno obtido dos investimentos dos últimos anos, verificamos que os indicadores demonstram uma tendência decrescente desde 2016, o que pode indicar perda de capacidade competitiva (figura seguinte). Esta mudança de tendência coincide com a aquisição da Getrag, concretizada no início de 2016.
MANAGEMENT
A administração da empresa aposta na estabilidade financeira e na robustez do balanço. A empresa apresenta uma boa liquidez, com mais de $4 B disponíveis em cash e crédito. Exibe um perfil de investimento conservador, com os juros dos empréstimos a apresentar um reduzido impacto nos resultados. O balanço da MGA dá boas garantias face a uma eventual crise económica (ver imagens seguintes) ou uma eventual subida das taxas de juro.
A empresa devolve uma quantia importante de capital aos acionistas anualmente, através da recompra de ações e da distribuição de dividendos. Nos últimos 10 anos a Magna recomprou cerca de $9.3B em ações e distribuiu $3.2B em dividendos.
SITUAÇÃO FINANCEIRA
A MGA tem mantido uma trajetória de crescimento ao longo dos anos, exceto em 2019, em que as receitas diminuíram, refletindo a tendência do setor.
Nos últimos 12 meses (até setembro de 2020, TTM) as receitas mantiveram a tendência de descida iniciada em 2019. Esta descida foi motivada pela pandemia do Covid-19, estando prevista uma forte recuperação para 2021.
O Resultado Líquido foi fortemente impactado pela diminuição do Resultado Operacional (ver imagens seguintes).
O Resultado Operacional apresentou uma diminuição de 57% nos últimos 12 meses, fruto de uma diminuição das receitas de apenas 20%. Esta diferença de valores significa que a empresa está alavancada operacionalmente.
Ou seja, uma importante fatia dos custos operacionais é de cariz mais permanente, não se adaptando a uma eventual diminuição das receitas. Isso pode ser prejudicial em tempos de crise.
Mas, como vimos antes, a MGA apresenta uma reduzida alavancagem financeira, compensando a elevada alavancagem operacional que também apresenta.
O Retorno de Capital (ROC) apresenta uma tendência de diminuição desde 2016 (imagem seguinte). Essa diminuição está relacionada com uma redução da margem de lucro operacional e do Capital Turnover (volume de receitas que a empresa consegue realizar com o capital investido). Esta tendência pode significar que a MGA está a perder capacidade competitiva.
TESE DE INVESTIMENTO
Nos últimos anos, a MGA conseguiu manter o capital próprio (imagens seguintes) mesmo distribuindo uma grande parte dos lucros aos acionistas, o que é mais do que muitas empresas conseguem fazer. Isso também está explícito no gráfico dos ganhos retidos (ver ponto dos Resultados Financeiros), onde se constata que a MGA tem vindo a acumular riqueza ano após ano.
Mas até 2019, viveu-se um período particularmente favorável à indústria automóvel. Em 2019, a queda das receitas do setor levou o resultado líquido da empresa para valores bem inferiores aos verificados nos anos anteriores, situação que deverá repetir-se em 2020. Se a isto se juntar uma crise económica, que muitos apontam como provável na fase pós-pandemia, a MG poderá continuar a apresentar resultados menos bons durante mais algum tempo. Na nossa opinião, esse risco não está refletido no preço atual das ações, que já está bastante acima do máximo verificado em 2019.
De acordo com o nosso modelo financeiro, o valor intrínseco da MGA será de $84. À data desta avaliação, as ações estão a ser transacionadas ao preço de $87, um valor justo na nossa opinião. Mas a MyStockIdeas procura por ações a preço de saldo e não ao preço justo. Por isso, a recomendação será para comprar caso ocorra uma correção que leve o preço das ações para um valor inferior a $60/ação (70% do preço atual).
As informações, dados, análises e opiniões aqui apresentadas não constituem consultoria de investimento, sendo fornecidos apenas para fins informativos. As opiniões de investimentos emitidas pela MySotckIdeas apresentam uma carga subjetiva considerável, pelo que não podem ser consideradas como informações integralmente factuais, nem existem garantias que as opiniões emitidas pela MyStockIdeas sejam precisas ou corretas. A MyStockIdeas não será responsável por quaisquer decisões de negociação, danos ou outras perdas resultantes ou relacionadas a informações, dados, análises ou opiniões emitidas no seu Site. Este Site e o seu conteúdo não são regulados pela CMVM;