T-Mobile (TMUS)

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  • Fevereiro 10, 2021

 

 

Principais resultados da análise

 

A T-Mobile (TMUS) é atualmente uma das maiores operadoras de telecomunicações wireless dos EUA.​​ 

A TMUS autodefine-se como uma​​ un-carrier, assumindo uma posição oposta às das empresas​​ tradicionais de telecomunicações, geralmente denominadas de​​ carriers. Quando a T-Mobile foi criada em 2013, a indústria mantinha uma postura agressiva com os clientes, impondo períodos de fidelização, planos de pagamentos de telemóveis dispendiosos, comissões, e outras medidas impopulares. A TMUS posicionou-se desde o início como a empresa que iria fazer o oposto, e passando das promessas aos atos, eliminou os períodos de fidelização, aboliu as taxas de roaming e implementou outras tantas medidas contracorrente, que muitos apontavam como sendo o caminho para uma ruína certa.​​ 

Mas a taxa de crescimento registada pela TMUS desde 2013 é impressionante. Grande parte desse crescimento está relacionado com o carácter disruptivo da empresa e a forma inteligente com​​ que tem gerido os seus investimentos.​​ 

O valor intrínseco obtido no nosso modelo foi de $173.6/ação. À data desta avaliação, 10-02-2021, este resultado confere uma margem de segurança de quase 30%, pelo que a nossa recomendação é de compra.

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EMPRESA

A TMUS tem o mérito de ter forçado a mudança na indústria. Passados 7 anos de 2013, a situação financeira da empresa mostra sinais de melhoria prometedores e uma taxa de crescimento sem paralelismo no setor. Entre 2013 e 2019, a empresa ganhou aproximadamente 53M de clientes, aumentou as receitas a uma taxa de crescimento anual composta de 11% e ampliou os ganhos operacionais a uma taxa de crescimento anual composta superior a 30%.​​ 

 

Aquisição da Sprint

Com a aquisição da Sprint em 2020, a TMUS concretizou outro grande passo na sua estratégia de crescimento, juntando a gama de médias frequências às gamas de altas e baixas frequências que já tinha no seu portefólio. Espera-se que, doravante, a TMUS possa competir diretamente com as outras duas grandes empresas de telecomunicações wireless dos EUA, a AT&T e Verizon.​​ 

Com o alargamento da sua base de clientes, a TMUS deverá conseguir cortar uma parte significativa dos seus custos, beneficiando de sinergias criadas entre as duas empresas. A área de marketing é um dos segmentos onde o efeito das sinergias deverá ser mais notado. No entanto, a TMUS terá também de investir na rede física de telecomunicações, pelo menos durantes os primeiros anos, de forma a compatibilizar os ativos de ambas as empresas.

Esta aquisição representa também algum risco para os investidores. A Sprint e a TMUS são empresas de grandes dimensões e com culturas muito distintas, pelo que existe um claro desafio na integração dos clientes e serviços da Sprint no novo ambiente da TMUS.​​ 

 

INDÚSTRIA

A indústria das telecomunicações está às portas de uma revolução digital. A forma como vemos o mundo​​ irá​​ mudar com a​​ entrada do​​ 5G.​​ Estamos já a assistir a avanços​​ tecnológicos​​ sem precedentes, que​​ irão​​ permitir ligar​​ pessoas​​ e​​ objetos​​ entre si (carros, cidades,​​ eletrodomésticos,​​ embalagens,​​ …), criando um mundo digital repleto de informação em tempo real, com​​ o 5G e a​​ Inteligência Artificial a​​ assumirem​​ um papel​​ central​​ em todo o processo.​​ O 5G irá combinar alta-velocidade, maior largura de banda, menor latência e menores gastos de energia que irão transformar a sociedade, nomeadamente a forma como se processam os negócios, as relações entre colaboradores e entidades empregadoras, o negócio do entretenimento, e muitos outros setores.​​​​ 

A quantidade de informação gerada​​ será​​ incomparavelmente superior à atual, viajando através das infraestruturas das empresas de telecomunicações. Mas o investimento para o 5G é elevado e as operadoras terão de retirar um retorno adequado desses investimentos para justificar o esforço financeiro aplicado. Algumas empresas têm grande parte do investimento realizado, procurando agora encontrar uma forma de rentabilizar esse investimento.

Posicionamento da TMUS no setor

A TMUS tem utilizado o termo​​ Layer Cake​​ para descrever a sua estratégia de posicionamento no 5G.​​ 

O espetro de frequências pode ser dividido em três grandes categorias: a faixa de baixas frequências, a faixa de médias frequências e a faixa de altas frequências. Cada faixa ou banda tem as suas próprias características em termos de velocidade e alcance geográfico. De uma forma geral, a velocidade aumenta à medida que a frequência aumenta. Em contrapartida, o alcance geográfico e a penetração diminuem à medida que a frequência aumenta. Acredita-se que as tecnologias 5G terão de conjugar as três faixas de frequências para tornar a experiência verdadeiramente global e acessível a todos.

A TMUS é a primeira operadora a reunir as condições para utilizar as três gamas de frequência no 5G, depois de adquirir a Sprint. O termo Layer Cake advém da utilização dos três layers de frequência, para prestar o melhor serviço possível aos utilizadores. Ao usufruírem dos três layers, os​​ utilizadores passam a ter acesso ao 5G praticamente em todos os locais, tornando a experiência verdadeiramente global. As outras operadoras estão já a seguir o exemplo da TMUS, investindo no alargamento dos seus espetros.

 

MANAGEMENT

A aquisição da Sprint foi acompanhada por mudanças na liderança executiva da empresa. A nova equipa inclui executivos da T-Mobile e da Sprint.​​ 

Mike Sievert é o atual CEO da empresa. Mike, que fez parte do processo de mudança da TMUS, tem agora a responsabilidade de liderar a empresa no processo de adaptação ao 5G e na integração da Sprint.

A cultura da empresa não mudou com a alteração recente da equipa de liderança. O objetivo principal continua a ser a criação da “brand” mais amada da indústria das telecomunicações.​​ 

 

SITUAÇÃO FINANCEIRA

O efeito de disrupção que a TMUS provocou na indústria norte-americana teve o seu custo. A situação financeira da empresa não está​​ ao nível das suas rivais​​ ainda, apresentando alguns indicadores com valores aquém do desejado.​​ 

A TMUS apresentava, no final de 2020, um ROC de​​ 10%, um valor abaixo da média do setor. O histórico do capital próprio apresenta uma tendência negativa quando descontamos o efeito dos ativos intangíveis. E o histórico de Goodwill face ao total de ativos apresenta valores muito altos, expondo a empresa ao risco das imparidades.

Mas o histórico mostra também que a empresa tem vindo a melhorar os seus rácios financeiros, apresentando tendências positivas no ROC e nos ganhos retidos.​​ 

 

VANTAGEM COMPETITIVA

Como vimos nos parágrafos anteriores, a TMUS não goza de uma situação financeira particularmente boa quando comparada com as das suas rivais mais diretas. No entanto, parte dessa situação deve-se à falta de dimensão, ou falta de escala, situação esta que deverá ficar colmatada com a integração da Sprint.​​ 

A TMUS apresenta talvez a mais impressionante subida de receitas do setor. Esta subida estará relacionada com a otimização das infraestruturas e com uma melhoria significativa da performance da rede, registadas ao longo dos últimos anos. Mas acreditamos que a subida das receitas estará também relacionada com a marca, ou​​ brand, que a empresa conseguiu criar, ao posicionar-se como uma​​ un-carrier​​ e assumindo uma posição oposta às das empresas tradicionais de telecomunicações, no que concerne ao relacionamento com o cliente.

 

TESE DE INVESTIMENTO

Com a aquisição da Sprint, a TMUS passa a competir em dimensão com as duas gigantes das telecomunicações, Verizon e a AT&T. Espera-se que isso se traduza em ganhos de escala e numa melhoria da qualidade do serviço, que deverá sustentar o crescimento da empresa nos próximos anos.

Modelo financeiro

Para modelar o desempenho operacional da empresa no nosso modelo, considerámos​​ que as receitas crescerão a uma taxa anual composta de aproximadamente​​ 3.6% ao longo dos próximos 10 anos, passando de um crescimento de​​ 5% no primeiro ano para​​ 2% no ano 10. Trata-se de um valor consideravelmente inferior ao registado nos últimos anos, refletindo a dimensão que a empresa já atingiu no presente.

Considerámos que a margem operacional antes de impostos passará de 10.3% em 2020​​ para​​ 22% ao longo dos próximos 10 anos, beneficiando das sinergias criadas pela aquisição da Sprint, do efeito de​​ branding​​ e da diminuição do dinheiro investido em marketing e vendas.​​ Trata-se da​​ mesma​​ margem operacional que a rival Verizon apresenta atualmente.

Considerámos que a TMUS irá apresentar um volume médio de investimentos de $14B​​ ao longo dos próximos 10 anos, com valores superiores nos próximos três​​ anos, a refletir os esforços de integração da Sprint.

Tudo isto resulta num valor intrínseco de $173.6/ação. À data desta avaliação, 10-02-2021, este resultado confere uma margem de segurança de quase 30%, pelo que a nossa recomendação é de compra.

 

 

 

 

 

 

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