T-Mobile (TMUS)
Principais resultados da análise
A T-Mobile (TMUS) é atualmente uma das maiores operadoras de telecomunicações wireless dos EUA.
A TMUS autodefine-se como uma un-carrier, assumindo uma posição oposta às das empresas tradicionais de telecomunicações, geralmente denominadas de carriers. Quando a T-Mobile foi criada em 2013, a indústria mantinha uma postura agressiva com os clientes, impondo períodos de fidelização, planos de pagamentos de telemóveis dispendiosos, comissões, e outras medidas impopulares. A TMUS posicionou-se desde o início como a empresa que iria fazer o oposto, e passando das promessas aos atos, eliminou os períodos de fidelização, aboliu as taxas de roaming e implementou outras tantas medidas contracorrente, que muitos apontavam como sendo o caminho para uma ruína certa.
Mas a taxa de crescimento registada pela TMUS desde 2013 é impressionante. Grande parte desse crescimento está relacionado com o carácter disruptivo da empresa e a forma inteligente com que tem gerido os seus investimentos.
O valor intrínseco obtido no nosso modelo foi de $173.6/ação. À data desta avaliação, 10-02-2021, este resultado confere uma margem de segurança de quase 30%, pelo que a nossa recomendação é de compra.
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EMPRESA
A TMUS tem o mérito de ter forçado a mudança na indústria. Passados 7 anos de 2013, a situação financeira da empresa mostra sinais de melhoria prometedores e uma taxa de crescimento sem paralelismo no setor. Entre 2013 e 2019, a empresa ganhou aproximadamente 53M de clientes, aumentou as receitas a uma taxa de crescimento anual composta de 11% e ampliou os ganhos operacionais a uma taxa de crescimento anual composta superior a 30%.
Aquisição da Sprint
Com a aquisição da Sprint em 2020, a TMUS concretizou outro grande passo na sua estratégia de crescimento, juntando a gama de médias frequências às gamas de altas e baixas frequências que já tinha no seu portefólio. Espera-se que, doravante, a TMUS possa competir diretamente com as outras duas grandes empresas de telecomunicações wireless dos EUA, a AT&T e Verizon.
Com o alargamento da sua base de clientes, a TMUS deverá conseguir cortar uma parte significativa dos seus custos, beneficiando de sinergias criadas entre as duas empresas. A área de marketing é um dos segmentos onde o efeito das sinergias deverá ser mais notado. No entanto, a TMUS terá também de investir na rede física de telecomunicações, pelo menos durantes os primeiros anos, de forma a compatibilizar os ativos de ambas as empresas.
Esta aquisição representa também algum risco para os investidores. A Sprint e a TMUS são empresas de grandes dimensões e com culturas muito distintas, pelo que existe um claro desafio na integração dos clientes e serviços da Sprint no novo ambiente da TMUS.
INDÚSTRIA
A indústria das telecomunicações está às portas de uma revolução digital. A forma como vemos o mundo irá mudar com a entrada do 5G. Estamos já a assistir a avanços tecnológicos sem precedentes, que irão permitir ligar pessoas e objetos entre si (carros, cidades, eletrodomésticos, embalagens, …), criando um mundo digital repleto de informação em tempo real, com o 5G e a Inteligência Artificial a assumirem um papel central em todo o processo. O 5G irá combinar alta-velocidade, maior largura de banda, menor latência e menores gastos de energia que irão transformar a sociedade, nomeadamente a forma como se processam os negócios, as relações entre colaboradores e entidades empregadoras, o negócio do entretenimento, e muitos outros setores.
A quantidade de informação gerada será incomparavelmente superior à atual, viajando através das infraestruturas das empresas de telecomunicações. Mas o investimento para o 5G é elevado e as operadoras terão de retirar um retorno adequado desses investimentos para justificar o esforço financeiro aplicado. Algumas empresas têm grande parte do investimento realizado, procurando agora encontrar uma forma de rentabilizar esse investimento.
Posicionamento da TMUS no setor
A TMUS tem utilizado o termo Layer Cake para descrever a sua estratégia de posicionamento no 5G.
O espetro de frequências pode ser dividido em três grandes categorias: a faixa de baixas frequências, a faixa de médias frequências e a faixa de altas frequências. Cada faixa ou banda tem as suas próprias características em termos de velocidade e alcance geográfico. De uma forma geral, a velocidade aumenta à medida que a frequência aumenta. Em contrapartida, o alcance geográfico e a penetração diminuem à medida que a frequência aumenta. Acredita-se que as tecnologias 5G terão de conjugar as três faixas de frequências para tornar a experiência verdadeiramente global e acessível a todos.
A TMUS é a primeira operadora a reunir as condições para utilizar as três gamas de frequência no 5G, depois de adquirir a Sprint. O termo Layer Cake advém da utilização dos três layers de frequência, para prestar o melhor serviço possível aos utilizadores. Ao usufruírem dos três layers, os utilizadores passam a ter acesso ao 5G praticamente em todos os locais, tornando a experiência verdadeiramente global. As outras operadoras estão já a seguir o exemplo da TMUS, investindo no alargamento dos seus espetros.
MANAGEMENT
A aquisição da Sprint foi acompanhada por mudanças na liderança executiva da empresa. A nova equipa inclui executivos da T-Mobile e da Sprint.
Mike Sievert é o atual CEO da empresa. Mike, que fez parte do processo de mudança da TMUS, tem agora a responsabilidade de liderar a empresa no processo de adaptação ao 5G e na integração da Sprint.
A cultura da empresa não mudou com a alteração recente da equipa de liderança. O objetivo principal continua a ser a criação da “brand” mais amada da indústria das telecomunicações.
SITUAÇÃO FINANCEIRA
O efeito de disrupção que a TMUS provocou na indústria norte-americana teve o seu custo. A situação financeira da empresa não está ao nível das suas rivais ainda, apresentando alguns indicadores com valores aquém do desejado.
A TMUS apresentava, no final de 2020, um ROC de 10%, um valor abaixo da média do setor. O histórico do capital próprio apresenta uma tendência negativa quando descontamos o efeito dos ativos intangíveis. E o histórico de Goodwill face ao total de ativos apresenta valores muito altos, expondo a empresa ao risco das imparidades.
Mas o histórico mostra também que a empresa tem vindo a melhorar os seus rácios financeiros, apresentando tendências positivas no ROC e nos ganhos retidos.