Cisco Systems (CSCO)
Principais resultados da análise
Os equipamentos da Cisco (CSCO) estão espalhados um pouco por todo o mundo, permitindo a um grande número de utilizadores manterem-se ligados à internet de uma forma eficaz e segura. A Cisco é conhecida pelos seus rooters e switchs de grande qualidade, mas a empresa tem apostado no desenvolvimento de novas aplicações em diversas áreas, nomeadamente na área da cloud, na área da colaboração (concorrência ao Microsoft Teams), na área da segurança, entre outras.
A Cisco está num processo de mudança do modelo de negócios, apostando cada vez mais no fornecimento de Software. No último trimestre fiscal de 2020 (o ano fiscal da Cisco termina em junho) 31% das suas receitas foram provenientes do segmento de Software, das quais 74% corresponderam a subscrições.
O valor intrínseco por ação obtido nesta avaliação foi de $44.6, o que confere uma margem de segurança de apenas 4% face ao preço atual das ações, $42.6. No entanto, se tivermos em conta a sua estabilidade financeira, a aquisição da Cisco pode diminuir o risco do portefólio, suavizando o impacto causado pelos ciclos económicos negativos. Por outro lado, o elevado investimento em R&D pode ditar um futuro melhor do que aquele que foi considerado no nosso modelo. Por último, a Cisco está a ser transacionada ao preço mais baixo dos últimos 10 anos, se tivermos em conta o resultado e o retorno de capital apresentados. Por tudo isto, a Cisco pode revelar-se uma boa aquisição.
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EMPRESA
Produtos
Os produtos e tecnologias estão agrupadas nas seguintes categorias: Plataformas de infraestruturas; Aplicações; Segurança; e Outros Produtos. Para além de produtos a Cisco vende serviços, incluindo suporte técnico e outros serviços avançados.
As plataformas de infraestruturas incluem as tecnologias “core” da empresa, fornecendo soluções de switching, routing, wireless e produtos destinados aos Data Centers. Estas tecnologias consistem em soluções de software e hardware que foram desenhadas para trabalharem em conjunto, de forma a aumentarem as capacidades da rede, nomeadamente de transporte e de armazenamento de dados.
As aplicações consistem em soluções de software e hardware que utilizam as tecnologias “core” da empresa para desempenharem as suas funções. No segmento das aplicações estão incluídas as soluções de colaboração (concorrência ao Microsoft Teams), softwares de IOT e a solução AppDynamics que é uma aplicação líder na gestão de performance e de análise de métricas das aplicações.
O segmento de segurança compreende soluções que visam garantir a segurança das redes, cloud, emails, gestão de identidade e acessos, incluindo ainda proteção contra ameaças. Estes produtos fazem parte de uma solução integrada de cibersegurança que permite aos seus utilizadores reduzir os riscos, combater as ameaças e verificar as credenciais ao longo das suas redes.
No segmento de Outros Produtos estão incluídos produtos de gestão da cloud e outras tecnologias emergentes.
Em termos de serviços, a empresa disponibiliza suporte técnico que ajuda os clientes a utilizarem as tecnologias da Cisco da forma mais eficiente e a beneficiarem das últimas atualizações.
Estratégia e prioridades
A Cisco está a apostar no crescimento das receitas recorrentes através da venda de software e serviços, como suplemento às suas soluções de hardware. O conjunto de softwares e serviços tem vindo a aumentar de peso na estrutura de receitas da Cisco, tendo representado cerca de 50% das vendas no ano fiscal de 2020.
A empresa domina os mercados de switches, routers, cibersegurança e outros produtos complementares, sendo considerada uma “one-stop shop”, ou uma empresa onde se pode adquirir soluções para todas as necessidades. A passagem gradual dos servidores locais para a nuvem tem levado a uma menor procura destas tecnologias, em particular do hardware para Data Centers, levando a Cisco a apostar cada vez mais na cibersegurança e em solução para a cloud. A Cisco tenta combinar as suas soluções, oferecendo soluções integradas de valor acrescentado para os seus clientes.
As aquisições irão continuar a fazer parte do seu processo de crescimento. Através deste mecanismo, a Cisco tenta acelerar a mudança para uma empresa mais voltada para a venda de software e serviços. As últimas aquisições demonstram essa intenção.
Outro dos focos da Cisco são as tecnologias associadas ao conceito de rede intuitiva (IBN – Intent-based Network). Uma rede intuitiva é um novo conceito de rede que utiliza Inteligência Artificial, Machine Learning e Software de ponta para garantir maior automação e facilitar a gestão dos dispositivos ligados à rede. A Cisco acredita que as redes intuitivas serão a resposta para um número cada vez maior de dispositivos ligados à rede e para o grau crescente de complexidade associado à sua gestão.
A combinação das soluções tradicionais de rede com os novos produtos poderá ser o próximo motor de crescimento da empresa.
VANTAGEM COMPETITIVA
A empresa beneficia dos custos de mudança em que incorrem os clientes caso optem por mudar de soluções tecnológicas, em particular nas redes de Data Centers e redes CAN (Redes CAN ou Campus, abrangem vários edifícios numa área específica, combinando várias redes locais conectadas por switchs e rooters, para criar uma única rede). Alterar o sistema informático neste tipo de redes pode ser uma tarefa árdua para os utilizadores, por causa das implicações relacionadas com a migração da informação. Qualquer erro pode ter enormes consequências, criando relutância na mudança. A atualização periódica das suas soluções e a disponibilização de soluções novas também alimentam as relações de longo prazo que a empresa tem com os seus clientes. O foco da Cisco nas receitas recorrentes irá levar a um aumento das soluções baseadas em subscrições, o que deverá contribuir também para aumentar a duração das relações comerciais com os seus clientes.
A reputação é outra das vantagens competitivas que a empresa tem. Esta reputação foi conseguida através do domínio exercido com as suas soluções inovadores para redes ao longo de décadas, nomeadamente nos mercados de switchs e rooters. O elevado investimento que dedica à área de R&D - cerca de 13% das vendas são destinadas à área de R&D - contribui para manter a sua reputação, na medida em que a Cisco continua a apresentar soluções inovadoras de qualidade em diversas áreas. O valor da marca está implícito nos altos retornos de capital e volume de cash flow que a empresa tem gerado ao longo dos anos.
INDÚSTRIA
O mundo tecnológico está a transformar-se rapidamente, assistindo-se a uma passagem da informação dos servidores privados para a nuvem. O “core” business dos switchs, rooters e hardware está a perder importância no mercado. Apesar disso, este setor continua a registar taxas de crescimento positivas, embora a Cisco registe uma perda de receitas nestes produtos. No mundo tecnológico atual, estes equipamentos estão cada vez mais comoditizados, ultrapassados na importância por outras soluções que têm maior influência na performance das redes, como os softwares por camadas.
Os custos de infraestruturas, hardware e software necessários para hospedar todos os dados das empresas são elevados. A primeira decisão de uma empresa ou organização consiste em selecionar onde os dados ficarão armazenados fisicamente. Na solução tradicional as empresas fazem o armazenamento da informação nos seus próprios servidores, o que obriga à aquisição de computadores, servidores e infraestrutura de suporte que depois são configurados no local e geridos por equipas de TI. No entanto, graças aos avanços tecnológicos recentes, passou também a ser possível hospedar a informação em locais remotos, nomeadamente na cloud.
Um Data Center na nuvem serve exatamente o mesmo propósito que o Data Center tradicional, mas a informação fica hospedada num local remoto, gerido por empresas como a Amazon, a Google ou a IBM. Ao usar a nuvem, os clientes dependem do fornecedor para garantir o acesso e segurança da sua informação.
A opção pelo Data Center tradicional envolve um investimento inicial robusto e a criação de uma equipa de TI para assegurar a sua gestão. A opção pela cloud normalmente não requer investimento inicial, sendo o pagamento baseado num modelo de subscrições, que depende dos recursos de que a empresa necessita. Em ambas as opções, a segurança é uma questão chave.
Atualmente existe ainda uma grande quantidade de empresas que recorrem aos seus servidores para guardar a sua informação “core”. Os Data Centers tradicionais continuam a ser o local preferencial para guardar a informação mais importante ou para instalar aplicações proprietárias. A Cisco acredita que as solução híbridas passarão a ser a opção preferencial da maior das empresas. Ao optarem por um Data Center local e a nuvem, as organizações podem colher os benefícios de ambos.
MANAGEMENT
Chuck Robbins é o CEO da empresa desde 2015. Robbins está a liderar o processo de mudança da Cisco, rumo a um maior volume de receitas recorrentes e a um maior peso relativo das receitas provenientes de software e serviços. Até agora a empresa revelou sucesso no processo de mudança, atingindo as metas a que se propôs, enquanto resiste satisfatoriamente a uma queda da procura dos seus produtos “core” de Switchs, Rooters e Data Centres.
A equipa de liderança tem retornado um significativo volume de capital aos seus acionistas, distribuindo cerca de 50% do Free Cash Flow através da recompra de ações ou distribuição de dividendos. Os outros focos de investimento são as aquisições e R&D.
SITUAÇÃO FINANCEIRA
A Cisco viu o seu volume de vendas diminuir 5% durante a pandemia, tendo registado um declínio de 10% no seu segmento “core” das plataformas de infraestruturas (-$3 B), uma descida de 4% nas aplicações (-$235 M), e uma subida de 12% no segmento de segurança (+$333 M). Dentro do segmento de infraestruturas, a maior parte dos seus produtos registou descidas, nomeadamente os produtos de switching, routing, data center e wireless, fortemente impactados pela pandemia no primeiro semestre do ano. No segmento das aplicações, apenas as plataformas AppDynamics (aplicação líder na gestão de performance e de análise de métricas) e WebEx (softwares da área do IOT) registaram crescimento. No segmento da segurança, o crescimento deveu-se, em grande parte, aos produtos para a Cloud.
A longo prazo (10 anos), a Cisco regista um crescimento composto de 1.4% nas receitas e um crescimento superior a 6% no Resultado Líquido. O Resultado Operacional apresentou uma subida consistente de 5.8%, sustentado por um crescimento composto de 2% do Gross Profit e por uma diminuição dos gastos de amortização e depreciação.
A Cisco encontra-se num boa situação financeira, embora as reservas de dinheiro tenham diminuído bastante desde 2017, devido ao programa de recompra de ações, ao aumento dos dividendos distribuídos e ao dinheiro investido em aquisições.
A empresa apresenta uma situação de baixo risco em termos de endividamento.
TESE DE INVESTIMENTO
Existem várias formas possíveis de analisar o preço das ações e verificar se este está caro ou barato face ao seu histórico de preços, ou face às empresas concorrentes. Nesta análise utilizamos o Current Earnings Yield, um indicador que compara o resultado operacional com o preço pelo qual o mercado avalia a empresa (Enterprise Value).
Se a este indicador juntamos o ROC, ficamos com uma relação do preço e do retorno do investimento que a empresa apresenta. Uma empresa com um preço baixo e retorno elevado será uma melhor aposta que uma empresa nas condições opostas.
As barras verticais representadas na figura abaixo correspondem ao resultado final desta classificação - quanto mais alta for a barra, melhor será a conjugação do preço e retorno da empresa. Como vemos na figura, o ano de 2020 foi o segundo melhor ano da década neste indicador. Mas retirando os efeitos negativos da pandemia, 2020 torna-se seguramente no ano que apresentou a melhor relação entre o preço das ações, o resultado operacional e o retorno obtido dos investimentos.
O modelo de DCF utilizado resultou num valor intrínseco por ação de $44.6, o que confere uma margem de segurança de apenas 4% face ao preço de $42.6 a que se encontram as ações da Cisco à data desta avaliação. No entanto, como vimos no parágrafo anterior, esta é talvez a melhor oportunidade dos últimos 10 anos para adquirir ações desta gigante tecnológica. Se tivermos em conta a sua estabilidade financeira, a aquisição da Cisco pode suavizar o risco de um portefólio, diminuindo o impacto causado pelos ciclos económicos negativos. Por outro lado, o elevado investimento em R&D pode ditar um futuro melhor do que aquele que foi considerado no nosso modelo. Nesse prisma, a Cisco pode revelar-se uma boa aquisição.
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