Telefónica (TEF)

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  • Novembro 21, 2020

 

 

Principais resultados da análise

 

A Telefónica (TEF) é uma das dez maiores empresas de telecomunicações do globo, concentrando a sua atividade na Europa e na América do Sul, onde presta serviços de telecomunicações​​ e opera com a sua própria rede IP.

Os mercados de telecomunicações estão saturados e os subscritores não estão dispostos a pagar mais por​​ novos serviços. Como consequência, os últimos anos não foram fáceis para​​ o setor​​ das​​ telecomunicações, em particular na europa, onde as empresas apresentam uma estagnação das receitas e os mercados da rede móvel e banda larga se vão transformando cada vez mais em mercados de​​ commodities.

No entanto, acreditamos que a TEF conseguirá manter um volume de​​ Free Cash Flow​​ (FCF) entre os 3000M​​ €/ano e os 6000M​​ €/ano nos próximos anos, sustentado pelas áreas de negócio tradicionais e pelo crescimento da sua área digital. A empresa poderá também alavancar os seus ativos, tirando mais partido financeiro das suas múltiplas infraestruturas. Como tal,​​ se as​​ projeções de FCF se concretizarem, a empresa valerá pelo menos 5.4 €/ação, o que representa uma margem de segurança de 36% à data desta avaliação.

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EMPRESA

A empresa revela uma tendência decrescente das receitas e dos lucros operacionais, refletindo o aumento da competitividade no setor, a alienação de alguns ativos (a venda de operações no Reino Unido em 2015 e na América do Sul em 2019) e a exposição a economias de risco (hiperinflação na Venezuela em 2013 e 2014, e hiperinflação na Argentina em 2018 e 2019). Excluindo estes efeitos, as receitas teriam subido ligeiramente ao longo dos últimos anos.

O fraco desempenho da TEF em bolsa deve-se​​ também​​ ao alto endividamento da empresa.​​ 

Apesar disso, a TEF tem conseguido gerar​​ Cash Flow​​ positivo ao longo dos anos.

 

 

 

Estratégia​​ de crescimento

No segmento​​ Business-to-Consumers​​ (B2C) a TEF está a enfrentar um​​ mercado saturado e muito competitivo, que pressiona a empresa no sentido da transformação. A visão da empresa consiste em disponibilizar uma experiência única aos clientes, integrando numa só solução os diversos produtos e serviços que a TEF pode oferecer.​​ 

No segmento​​ Business-to-Business​​ o crescimento incide sobretudo nas tecnologias da informação e num conjunto de serviços digitais de​​ Cibersegurança,​​ cloud, IoT e​​ Big Data, em que a empresa tem apostado, com​​ o intuito​​ de se tornar num parceiro de destaque para as empresas no processo de transformação digital que está em curso. ​​ 

 

 

A TEF apresentou a sua mais recente estratégia corporativa em 27 de novembro de 2019, que consiste em​​ cinco pontos principais: foco nos quatro mercados-chave da empresa (Espanha, Brasil, Reino Unido e Alemanha); aposta no crescimento dos serviços digitais envolvendo​​ IoT/Big Data,​​ cloud​​ e​​ Cibersegurança;​​ criação de​​ valor​​ nos ativos de telecomunicações;​​ concretização​​ da operação de​​ spin-off​​ do segmento Hispam; e, por fim, reorganização​​ do centro corporativo.

A TEF está a tentar tornar​​ o processo de implementação de mudanças​​ mais ágil e​​ a​​ tentar tirar vantagem​​ da grande​​ escala do grupo.​​ Como tal, a​​ organização​​ passou de uma​​ estrutura organizacional distribuída por países para uma estrutura distribuída por​​ três novas​​ unidades de negócio,​​ acreditando que isso ajudará a alcançar os seus objetivos.

Com​​ a criação​​ da unidade de negócios​​ Tech,​​ a TEF​​ faz uma aposta evidente​​ na transformação digital,​​ colocando um grande foco​​ nas soluções IoT/Big Data,​​ cloud​​ e​​ Cibersegurança,​​ acreditando​​ serem​​ as peças chave do futuro crescimento da empresa. A​​ empresa faz também uma​​ aposta​​ clara​​ na rentabilização dos seus ativos​​ com a​​ criação​​ da​​ unidade de negócios​​ Infra, através da qual a TEF pretende​​ aumentar a​​ rentabilização​​ e monetização​​ de​​ torres de comunicação, sistemas de​​ comunicação por​​ antena,​​ data​​ centers,​​ redes de fibra, entre outros ativos.​​ Com esta nova organização.​​ a​​ TEF​​ também​​ reforça a intenção de fazer uma​​ spin-off​​ da América Latina, colocando-a numa organização​​ separada, com uma equipa de gestão específica e distinta do resto do grupo.

 

INDÚSTRIA

A indústria das telecomunicações está às portas de uma revolução digital. A forma como vemos o mundo​​ irá​​ mudar com o​​ entrada do​​ 5G.​​ Atualmente​​ estamos​​ ​​ a assistir a avanços​​ tecnológicos​​ sem precedentes, que​​ irão​​ permitir ligar​​ pessoas​​ e​​ objetos​​ entre si (carros, cidades,​​ eletrodomésticos, embalagens,​​ …), criando um mundo digital repleto de informação em tempo real, com​​ o 5G e a​​ Inteligência Artificial a​​ assumirem​​ um papel​​ central​​ em todo o processo.​​ O 5G irá combinar alta-velocidade, maior largura de banda, menor latência e menores gastos de energia que irão transformar a forma como se processam os negócios, as relações entre colaboradores e entidades empregadoras, o negócio do entretenimento, entre outros.​​ 

A quantidade de informação que irá ser gerada​​ será​​ incomparavelmente superior à atual, viajando através das infraestruturas das empresas de telecomunicações. A questão que se coloca é se o setor saberá lucrar com esta transformação.

Os mercados estão saturados e os subscritores não estão dispostos a pagar mais pelos​​ novos​​ serviços.​​ Como consequência, os últimos anos não​​ foram​​ fáceis para as empresas de telecomunicações, em particular​​ na europa,​​ onde​​ as empresas apresentam​​ uma​​ estagnação​​ das receitas​​ e os mercados da rede móvel e banda larga​​ se​​ vão transformando​​ em​​ mercados de​​ commodities.​​ Isso significa que as empresas​​ de telecomunicações​​ perderam a capacidade de se diferenciar, forçando-se a competir meramente pelo preço, o que levou, inevitavelmente, a uma diminuição das​​ suas​​ margens de lucro. O efeito de comoditização está bem patente na perda de valor que o setor​​ europeu​​ representou para os acionistas, com retornos totais (preços das ações mais dividendos pagos) a diminuírem 11% entre 2016 e 2018, sendo a Telefónica exemplo desse fenómeno.​​ Enquanto isso, outros setores utilizaram as infraestruturas das empresas de telecomunicações para fornecer produtos e serviços cada vez mais inovadores e lucrativos.

Para fugir ao processo de comoditização a que foram sujeitas nos últimos anos, as empresas de telecomunicações​​ parecem​​ agora​​ apostar em​​ dois possíveis caminhos: participar​​ ativamente na diversificação​​ dos​​ seus​​ produtos,​​ apostando em novos serviços (como​​ serviços financeiros,​​ serviços de entretenimento,​​ Cibersegurança, “Home Security”,);​​ criar​​ uma rede​​ infraestrutural​​ de excelência, segura e rápida, assente num​​ alto​​ nível de investimento que impeça a entrada de novos concorrentes.​​ 

O investimento para o 5G é elevado e as operadoras terão de retirar um retorno elevado desses investimentos para justificar o esforço financeiro aplicado. No entanto, algumas empresas, como a TEF, têm grande parte do investimento realizado, procurando agora encontrar a forma de rentabilizar esse investimento.​​ 

 

VANTAGEM COMPETITIVA

Como ficou explícito nos parágrafos anteriores, dificilmente se identificará uma vantagem competitiva numa empresa de telecomunicações atualmente, já que​​ os seus serviços​​ estão​​ a​​ passar por um processo de comoditização. No entanto, algumas destas empresas estão a​​ tentar​​ posicionar-se​​ para a transformação digital que está em curso, sendo a TEF uma delas.

A forma como a empresa se reorganizou no mais recente plano estratégico,​​ demonstra vontade e determinação neste posicionamento. Se pararmos um momento para refletirmos sobre esta mudança, concluímos que​​ se​​ trata de uma autêntica revolução interna,​​ que terá implicado​​ mudanças de posições de colaboradores, contratação de novos talentos, eventualmente alguns despedimentos,​​ reposicionamento de ativos,​​ etc. Mais​​ do​​ que isso, esta alteração corporativa​​ representa​​ uma mudança cultural na empresa, que poderá​​ conferir​​ alguma vantagem​​ competitiva​​ face aos seus concorrentes,​​ nas vésperas​​ do 5G.​​ 

 

MANAGEMENT

José María Álvarez-Pallete López​​ é o​​ atual presidente executivo da TEF, função que exerce​​ desde 2016.​​ Álvarez-Pallete​​ tem formação em​​ economia​​ e​​ entrou na empresa em 1999, assumindo o cargo de CFO.​​ Antes de se tornar CEO​​ ocupava​​ o cargo de COO​​ do grupo​​ (de 2012 a 2016), tendo passado por vários cargos de elevada responsabilidade​​ antes disso.​​ 

Álvarez-Pallete​​ parece​​ conhecer​​ a​​ indústria digital.​​ Em 2011, como CEO da Telefónica Europa, Álvarez-Pallete foi fundamental na criação da​​ Wayra, a aceleradora de​​ startups​​ da Telefónica.​​ 

Álvarez-Pallete​​ tem recebido​​ vários​​ prémios de mérito ao longo da sua carreira. Apenas para mencionar os​​ mais recentes, em 2016 foi eleito o “Melhor CEO” de​​ Espanha pela​​ Forbes Magazine. Em 2019 recebeu o prémio “Manager of the Year” na categoria​​ Large Corporations da Asociación Española de Directivos​​ e foi eleito “Business Leader of the Year” pela Câmara de Comércio Espanha-EUA.

Destacamos duas medidas que marcam o mandato de​​ Álvarez-Pallete​​ como CEO: a primeira foi a redução dos dividendos, de 0.74€/ação para 0.40€/ação,​​ tomada logo após a sua​​ nomeação​​ (ver imagem​​ seguinte); a segunda​​ consistiu​​ na mudança da organização corporativa, que posicionou​​ a empresa no caminho da transformação digital.

 

SITUAÇÃO FINANCEIRA

Como já foi referido, as receitas da TEF diminuíram significativamente​​ desde 2010, em grande parte devido​​ aos episódios de​​ hiperinflação registados​​ na Venezuela​​ (em 2014)​​ e na Argentina​​ (em 2018 e 2019). Apesar disso, a empresa conseguiu​​ praticamente​​ manter​​ as suas margens de lucro operacionais​​ e gerar um volume considerável de​​ cash-flow.​​ 

O balanço da TEF apresenta​​ rácios​​ de​​ liquidez e solvabilidade​​ reduzidos,​​ característicos​​ do setor.​​ A empresa apresenta também​​ um​​ alto nível de endividamento,​​ o​​ que pode​​ ser problemático num cenário de subida das taxas de juros.​​ Ainda assim,​​ existem condições para a TEF manter o nível de​​ cash flow​​ gerado​​ dos últimos anos.

 

TESE DE INVESTIMENTO

Facilmente se conclui que os resultados da empresa estão expostos à volatilidade das economias da América Latina, pelo que a estratégia de​​ spin-off​​ do segmento​​ Hispan​​ que a TEF colocou em curso​​ parece-nos acertada.

O setor de telecomunicações não favoreceu os seus acionistas nos últimos anos. No entanto, considerando o volume de​​ Free Cash Flow​​ (FCF) que a TEF gera, na ordem dos 6 B €/ano, o preço das ações parece excessivamente baixo.​​ 

A TEF deverá conseguir manter um volume de FCF entre os 3 B €/ano e os 6 B €/ano nos próximos anos, sustentado pelas áreas de​​ negócio​​ tradicionais​​ nas localizações-chave​​ e ainda pelo crescimento da sua área digital. A empresa poderá ainda alavancar o rendimento que retira das suas infraestruturas.​​ Se​​ as projeções de FCF se concretizarem, a empresa valerá pelo menos 5.4 €/ação, o que representa uma margem de segurança de 36% à data desta avaliação.

 

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