Biogen Inc (BIIB)

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  • Junho 26, 2020

Principais resultados da análise

A Biogen (BIIB) é uma biofarmacêutica que se dedica à criação de terapêuticas ligadas às Esclerose Múltipla, à Neuroimunologia, Doença de Alzheimer, Demência, Desordens Neuromusculares, Desordens do Movimento e Oftalmologia.

A empresa tem uma área de investigação destinada a novas terapias das áreas da Imunologia, Desordens Neurocognitivas, Neurologia Aguda e Dor.

A BioGen  dedica-se ainda à comercialização de biosimilares (alternativas biológicas a terapias já existentes).

A BioGen apresentou um crescimento muito significativo das receitas e lucros nos últimos 10 anos. Mas a pressão crescente da concorrência deverá criar um impacto negativo na receita e nas margens operacionais dos próximos anos.  O valor intrínseco estimado é de $321/ação.

Considerando a margem de segurança de 30% adoptada nas mais recentes análises da MyStockIdeas, as ações da BioGen devem ser adquiridas por um preço menor ou igual que $224/ação. O preço à data desta análise, 26 de junho de 2020, é de $258/ação.

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Produtos

A​​ Esclerose Múltipla​​ é uma doença neurológica progressiva em que o corpo perde a capacidade de transmitir mensagens através das células nervosas, levando a uma perda do controlo muscular, paralisia e, em alguns casos, à morte.​​ Durante mais de duas décadas a BIIB centrou os seus esforços na descoberta de novas terapias de tratamento da Esclerose Múltipla,​​ criando​​ um portefólio de terapêuticas que melhorou significativamente a qualidade de vida dos doentes e contribuiu para o crescimento da empresa. O departamento de R&D dedica-se atualmente à descoberta de novas terapias de tratamento da Esclerose Múltipla, com as quais ambiciona reverter ou mesmo reparar os danos provocados pela doença.​​ 

A competição nesta área é intensa, existindo várias empresas que estão a trabalhar na pesquisa de novos tratamentos.​​ A BIIB concorre com empresas como a Sanofi, a Bayer, Novartis entre outras.​​ O TECFIDERA, um fármaco que representa cerca de​​ 50% da faturação desta área, deverá passar a ter a concorrência de genéricos já em 2021.​​ Como tal,​​ o​​ nível de receitas​​ deverá descer​​ inevitavelmente, embora existam dois fatores que​​ poderão diminuir o impacto da concorrência:​​ uma nova fonte de receita proveniente dum fármaco recentemente lançado pela empresa, o​​ VUMERITY;​​ o​​ direito​​ aos Royalties​​ (mais de 20%) de um dos​​ principais concorrentes, o OCREVUS da​​ Roche.

A​​ Atrofia Muscular Espinhal​​ é caracterizada pela perda de neurónios motores na medula espinhal e tronco cerebral inferior, que resulta numa severa e progressiva atrofia muscular e fraqueza, podendo levar a uma paralisa total do corpo. A BIIB​​ foi​​ responsável pelo primeiro tratamento aprovado para a Atrofia Muscular Espinhal e continua a desenvolver esforços de investigação e desenvolvimento​​ em busca de​​ potenciais avanços no tratamento da doença.

Nesta área, a​​ BIIB enfrenta a concorrência de​​ uma nova terapia genética​​ que foi aprovada​​ em maio de 2019 nos EUA, da Novartis. Existem também outros produtos em desenvolvimento que, se bem-sucedidos, poderão competir com o medicamento da BIIB, o​​ SPINRAZA.

Biosimilares​​ são​​ tratamentos​​ biológicos​​ que apresentem características​​ similares​​ a​​ terapêuticas​​ já existentes​​ com marca própria.​​ A BIIB​​ comercializa vários​​ biosimilares, através de uma parceria com a​​ Samsung BioLogics.​​ A​​ empresa tem​​ também​​ direitos exclusivos de produção de​​ dois​​ potenciais biosimilares oftalmológicos.​​ 

Os produtos biosimilares competem com os produtos de referência (originais), assim como com outros produtos biosimilares.

Genentech​​ é uma​​ empresa de biotecnologia,​​ subsidiária da​​ Roche,​​ com quem a BIIB​​ tem uma série de acordos,​​ que lhe garantem​​ direitos financeiros sobre certas terapêuticas,​​ com especial destaque para​​ as terapias anti-CD20 (o desenvolvimento de anticorpos monoclonais anti-CD20 mudou drasticamente o tratamento​​ de​​ linfomas não​​ Hodgkin).

A​​ BIIB e a​​ Roche​​ competem, nesta área, com uma série de terapêuticas concorrentes.​​ A patente do​​ RITUXAN, um dos fármacos comercializados pelas​​ empresas, expirou em 2018,​​ abrindo caminho​​ ao desenvolvimento de​​ biosimilares. Alguns​​ produtos concorrentes​​ foram recentemente lançados no mercado,​​ o​​ que deverá​​ diminuir significativamente​​ as margens de lucro associadas a este produto.​​ Ainda assim,​​ a​​ BIIB​​ deverá​​ conseguir​​ conservar​​ as suas​​ receitas​​ nesta área,​​ compensando a perda da patente com as receitas provenientes da comercialização de outros dois​​ fármacos, o​​ RITUXAN HYCELA​​ e o​​ GAZYVA.

Ilustração​​ 1​​ –​​ Evolução do volume de vendas dos três principais segmentos

 

Pipeline

Depois de concluídos os testes laboratoriais​​ com animais, os estudos clínicos​​ passam a envolver​​ seres humanos.​​ Esta etapa de pesquisa​​ com seres humanos​​ compreende 4 fases.

Na fase 1 a investigação é conduzida​​ geralmente​​ num pequeno número de voluntários saudáveis, tendo como principal objetivo avaliar a segurança e a dosagem ideal do produto sob investigação.​​ 

A fase 2 é focada nos resultados clínicos do medicamento, sendo realizada em pacientes​​ voluntários.​​ O estudo avalia​​ os​​ efeitos adversos de curto prazo e riscos relacionados​​ com a​​ segurança do medicamento.​​ Geralmente é​​ efetuado​​ num número maior de​​ pessoas.

Na fase 3​​ os​​ estudos​​ são​​ realizados​​ num​​ grande número de pacientes, comparando o medicamento com o melhor tratamento existente ou​​ com um​​ padrão de tratamento da doença. Esta fase serve para confirmar​​ os​​ resultados​​ obtidos​​ na fase 2, determinar as reações adversas mais frequentes e a relação risco/benefício​​ a​​ curto e longo prazo.

Se​​ os resultados da fase anterior forem favoráveis e​​ a​​ entidade reguladora​​ estiver de acordo com os dados submetidos,​​ é concedida​​ a autorização para lançamento e comercialização​​ do produto​​ e o novo medicamento​​ passa a estar​​ disponível aos pacientes.

A fase 4 consiste em estudos​​ pós comercialização, podendo incluir milhares de pacientes. Estes estudos pretendem avaliar os efeitos de longo prazo, com base em testes no “mundo real”.​​ Visa também detetar eventos adversos pouco frequentes ou não esperados.​​ 

O combate à Doença de Alzheimer e demência, um dos maiores desafios atuais da indústria farmacêutica,​​ teve desenvolvimentos interessantes em 2019. Em março desse ano a BIIB​​ anunciou​​ a decisão de descontinuidade dos testes de fase 3​​ dos produtos que a empresa​​ estava a desenvolver. No entanto, em outubro de 2019 os testes foram retomados​​ após​​ terem surgido evidências,​​ da análise​​ duma base de dados mais alargada,​​ de que houve uma​​ redução no declínio do estado clínico dos pacientes​​ testados.​​ A BIIB tem​​ atualmente​​ 2 medicamentos​​ em desenvolvimento,​​ encontram-se ambos​​ na fase 3 de testes.

A empresa tem ainda mais quatro terapias​​ na​​ fase 3 de testes:​​ uma ligada à​​ Atrofia Muscular Espinhal;​​ uma​​ à área de oftalmologia;​​ uma​​ à neurologia aguda;​​ e​​ uma terapia​​ da área dos biosimilares.

Todas estas terapias poderão​​ reduzir​​ a pressão​​ da concorrência, contribuindo para os resultados futuros da empresa.

 

Indústria

Em termos gerais, a​​ Indústria biofarmacêutica é​​ caracterizada por uma forte componente de R&D (ver figura seguinte). A indústria farmacêutica investe cerca de 5 vezes mais que a média das restantes indústrias,​​ alocando​​ 21%​​ das vendas na descoberta de novos fármacos. O investimento em R&D mais que triplicou nos últimos 20 anos.​​ Apenas 2 em cada 10 medicamentos aprovados​​ geram receitas que excedem a média dos​​ custos​​ do seu desenvolvimento.

Ilustração​​ 2​​ – Componentes do Resultado Operacional​​ da BIIB de 2019, com os custos de R&D em evidência

 

A liderança nesta indústria depende da capacidade de inovação das empresas e da qualidade e duração das suas patentes. Depende também do potencial de aprovação dos seus produtos pelas entidades​​ reguladoras​​ e da aceitação pelos consumidores.​​ A​​ aptidão​​ para a​​ contratação e retenção dos melhores profissionais da área​​ é mais um fator chave​​ a ter em conta​​ na capacidade competitiva das empresas.

A entrada prematura de um produto no mercado leva, geralmente, a uma maior aceitação e​​ market share, pelo que a velocidade relativa com que os produtos são desenvolvidos, testados, aprovados e produzidos em massa tem​​ também​​ um impacto importante na capacidade competitiva das empresas.​​ 

Por fim,​​ a competitividade das empresas​​ depende do modo como​​ enfrentam a ameaça dos medicamentos genéricos, pró-fármacos e biosimilares. Estes produtos​​ alternativos​​ tendem a ser comercializados a preços mais baixos​​ que os produtos de marca, influenciando​​ o preço e o volume de venda dos produtos originais.

 

Vantagem competitiva

A​​ BioGen​​ apresenta uma grande diversidade de soluções,​​ nomeadamente,​​ várias​​ terapêuticas na área da​​ Esclerose Múltipla, fármacos da área da oncologia​​ (resultantes da parceria com a​​ Roche)​​ e o medicamento SPINRAZA​​ que é uma referência no combate à​​ Atrofia Muscular Espinhal.​​ Essa diversidade reduz a importância relativa dos seus produtos, tornando a empresa, como um todo, mais resiliente​​ à concorrência.

A BIIB apresenta um​​ pipeline​​ promissor ligado à área da neurologia.​​ O​​ facto de se​​ focar exclusivamente​​ na​​ área da neurologia​​ levou​​ a que a BIIB se destacasse​​ face aos seus concorrentes.​​ ​​ A área da neurologia implica um grande esforço de​​ pesquisa e desenvolvimento.​​ Apesar da maior parte dos produtos​​ da BIIB​​ serem biológicos,​​ a neurologia​​ oferece consideráveis barreiras à entrada de novos competidores,​​ nomeadamente dos produtos biosimilares.

A vantagem competitiva da BioGen está bem explícita nas margens de lucro da empresa, nomeadamente nas margens operacionais e no retorno que obtém do seu capital (ver imagem seguinte).

 

Ilustração​​ 3​​ - Evolução do ROC e dos seus determinantes

 

 

Management

Michel Vounatsos é​​ o​​ Diretor Executivo da BIIB​​ desde janeiro de 2017.​​ Antes disso,​​ Michel​​ Vounatsos​​ assumiu o cargo de​​ Diretor Comercial e Vice-Presidente Executivo da BIIB​​ entre​​ abril de 2016​​ e​​ dezembro de 2016.​​ Antes de​​ ingressar na BIIB​​ teve uma longa carreira na​​ Merck, onde​​ exerceu​​ vários cargos, incluindo o de presidente.​​ Michel Vounatsos​​ é considerado um líder empresarial sofisticado e criativo.

Em março de 2019,​​ o​​ Conselho de Administração autorizou um programa​​ de recompra​​ que pode ir​​ até $5B​​ de ações ordinárias, sem​​ data de validade​​ associada.​​ Isso corresponde a cerca de 10% das ações,​​ a preços​​ de​​ 2019.​​ 

O programa de recompra de ações já​​ não​​ é novidade na empresa. O número de ações ordinárias disponíveis no mercado passou de 240M em 2010 para 174M em 2019, uma redução de 28%​​ (ver figura seguinte).

Ilustração​​ 4​​ - N.º de ações ordinárias

 

Situação financeira

A última década foi extremamente favorável para a BioGen. O​​ Resultado​​ Líquido​​ passou de $1234M em 2011 para $5879M em 2019. O Resultado​​ Operacional​​ passou de $1744M para​​ $7296M no mesmo período (ver​​ Ilustração 5).​​ 

O domínio na área da Esclerose Múltipla permitiu à empresa​​ elevar​​ as suas receitas e as suas margens operacionais para níveis invejáveis, dando grande retorno aos investidores (ver​​ Ilustração 6).​​ 

Ilustração​​ 5​​ - Evolução do resultado Líquido e restantes componentes

 

 

Ilustração​​ 6​​ - Margem Bruta

 

A BIIB encontra-se numa posição financeira segura, mostrando​​ bons rácios de​​ liquidez e solvência. A BIIB ostenta também um perfil de financiamento conservador, apresentando um​​ debt-to-equity ratio​​ de 0.5 e um peso reduzido da dívida​​ relativamente ao seu Resultado Operacional.

Ilustração​​ 7​​ - Análise dos juros (% of Operation Income)

 

 

Avaliação​​ e​​ Key Indicators

Existe uma grande incerteza na avaliação das empresas farmacêuticas, na medida que é muito difícil avaliar o potencial dos seus​​ pipelines. No caso da BioGen,​​ essa incerteza está bastante explícita na curva de preço das ações de 2019 (ver figura abaixo). O preço sofreu uma descida​​ considerável em março, quando os testes​​ de fase 3​​ dos fármacos da Doença de Alzheimer foram descontinuados, tendo recuperado para os valores anteriores em outubro​​ de 2019, quando os testes foram retomados.

Ilustração​​ 8​​ - Variação do preço das ações (fonte:Morningstar)

 

Considerando​​ uma perda de receita de 1% ao ano até 2024 (reflete a opinião da generalidade dos analistas) e uma diminuição gradual da margem operacional antes de impostos para 35%​​ até 2024​​ (fruto de uma maior concorrência na área da Esclerose Múltipla), obtemos um valor intrínseco de $321/ação. No entanto acreditamos que este valor estará abaixo do real valor da empresa se o fármaco da Doença de Alzheimer vier a ser aprovado, mas o contrário também acontecerá se o fármaco não passar para a fase de produção.

Mantendo​​ a margem de segurança das mais recentes análises da MyStockIdeas (30%),​​ recomendamos​​ a compra das ações​​ da BioGen por um preço menor ou igual​​ que​​ $224/ação. O preço à data desta análise, 26 de junho de 2020, é de $258/ação.

 

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