Millennium BCP

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  • Janeiro 31, 2020

Principais resultados da análise

A performance da banca está particularmente relacionada com os fatores macroeconómicos, sendo especialmente sensível às alterações das taxas de juros, à volatilidade dos mercados, entre outros fatores.

A crise financeira e a entrada da Troika em Portugal causaram um enorme impacto na banca nacional. Mas à custa disso, o MBCP é, hoje, um banco mais bem preparado para situações de crise. É sabido que existem ameaças macroeconómicas, como a guerra comercial, o Brexit, ou uma nova escalada das tensões entre os EUA e o Irão. Não obstante, o cenário mais consensual, que vem sendo apontado pelas grandes instituições económicas mundiais, mantém uma perspetiva de crescimento para a economia nacional, ainda que em desaceleração.

Relativamente ao MBCP, a redução do crédito malparado será um dos fatores que mais influência positiva terá no resultado do banco. Por outro lado, as baixas taxas de juros estipuladas pelos bancos centrais será um fator que deverá pesar negativamente ao longo dos próximos anos. A reposição salarial no BCP poderá também ter um impacto negativo no resultado operacional.

Existem ainda as potenciais perdas relacionadas com a conversão de créditos hipotecários na Polónia, de francos suíços para zlótis. O verdadeiro impacto da conversão dos créditos hipotecários ainda está por medir. Perante esta incerteza, desaconselhamos o investimento no MBCP, pelo menos até se conhecerem melhor os contornos associados à conversão dos créditos hipotecários na Polónia.

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Descrição da empresa

O Banco Comercial Português, S.A. (MBCP) é o maior banco privado português. O MBCP, à semelhança do resto do setor bancário, sofreu fortes alterações estruturais nos últimos anos, vindo-se obrigado a reforçar a sua​​ posição financeira e de capital no período pós-crise. Como tal, foi implementado um programa de reestruturação que resultou, no final de 2018, numa redução de custos superior a 40% em Portugal desde 2011, e a uma redução dos “Non Performance Exposures” (NPE) de 59%, a nível consolidado desde 2013, reduzindo, em simultâneo, o custo do risco.

O MBCP oferece um vasto leque de produtos e serviços, destacando-se as contas à ordem, produtos de poupança e investimento, gestão de ativos e banca de investimento, entre outros.​​ 

O Banco Millennium MBCP está representado em vários países, destacando-se Moçambique e Angola no continente africano, e Portugal e Polónia na Europa.

A atividade no mercado nacional está centrada na banca de retalho.​​ 

É em Portugal que o Banco​​ tem a sua maior representação. Em 31 de dezembro de 2018 as operações em Portugal representavam 71% do total de ativos, 73% do total de crédito a Clientes (bruto) e 72% do total de recursos de Clientes.

Nas operações em Moçambique, o Millennium MBCP está representado através do Millennium bim, um banco líder neste país, com 22,7% em crédito a Clientes e de 26,5% em depósitos, sendo uma referência ao nível da rendibilidade.

Em Angola, no final de 2018, o Millennium MBCP tinha uma participação relevante no Banco Millennium Atlântico, SA, o segundo maior banco privado em crédito à economia em Angola.

Na Polónia, um país que apresenta uma taxa sólida de crescimento da economia, o Bank Millennium, detido em 50,1% pelo MBCP, dispõe de uma rede de sucursais bem distribuída. O Bank Millennium detinha, em 31 de dezembro de 2018, 4,6% em crédito a Clientes e 5,3% em depósitos, tendo adquirido em 2019 uma posição de 99,78% do EuroBank, unidade até então controlada pelo Société Générale. O Bank Millennium tornou-se, com​​ esta operação, no sétimo maior banco a operar na Polónia.​​ 

As operações de back-office para a rede de distribuição ficaram integradas, beneficiando de economias de escala.

 

Situação financeira

As instituições financeiras têm seguido, historicamente, regras​​ contabilísticas distintas das restantes empresas.

Uma das razões prende-se com a tipologia dos ativos que são, geralmente, instrumentos financeiros que apresentam uma grande liquidez (obrigações, títulos de dívida soberana, etc.). Por conseguinte, os ativos são registados ao justo valor, e não ao valor original de compra, o que faz com que os rácios baseados no capital próprio (book value) não possam ser utilizados para​​ benchmarking​​ com outro tipo de empresas.

Outra característica das​​ instituições financeiras prende-se com a natureza das suas operações, que é marcada por longos períodos de lucros intercalados por curtos períodos de grandes prejuízos. Estas instituições protegem-se contra esta volatilidade criando bolsas contabilísticas​​ (provisões para perdas), na tentativa de suavizarem a volatilidade dos resultados ao longo dos anos.

Na banca, também a dívida tem uma conotação diferente. Em vez de ser considerada uma fonte de capital, a dívida é por vezes encarada como uma espécie de matéria-prima, uma vez que pode ser transformada em produtos financeiros que podem ser, depois, vendidos a um preço mais alto e gerar lucros. Consequentemente, pode-se considerar que as fontes de capital da banca são constituídas apenas por capital próprio.​​ 

Nos pontos seguintes detalha-se a situação financeira registada no MBCP, em dezembro de 2018.

 

Análise dos resultados

O MBCP tem apresentado uma subida consistente do resultado líquido consolidado ao longo dos últimos três anos, depois de vários anos a apresentar resultados negativos (Figura 1).

 

Figura 1​​ – Evolução do resultado líquido

 

O aumento do resultado líquido em 2018 reflete o efeito positivo da diminuição das necessidades de provisionamento e também da evolução favorável da​​ margem financeira, das comissões e dos outros proveitos de exploração líquidos. O resultado das operações financeiras, os custos​​ com pessoal e a carga fiscal apresentaram um impacto negativo nos resultados (Figura 2). Detalham-se, em seguida, as principais componentes do resultado líquido.

 

Figura 2​​ – componentes do resultado líquido

 

Margem financeira:

A margem financeira apresentou um crescimento de 2.3%, em grande parte devido à atividade internacional. Em termos gerais, este aumento deveu-se à evolução favorável do custo de financiamento na atividade e, na atividade internacional, nomeadamente na subsidiária Polaca, ao aumento verificado na carteira de títulos, apesar da redução registada pelos juros do crédito.​​ 

Perdas por imparidade:

As necessidades de provisionamento do crédito e de outros ativos e responsabilidades, em termos agregados, sofreram uma diminuição expressiva de 276 milhões de euros em relação ao ano anterior. As dotações para imparidade do crédito apresentaram uma redução de 25% face a 2017, espelhando a diminuição do crédito malparado em Portugal, que é transversal a todo o sector bancário e reflete o crescimento da economia e o reduzido valor dos juros verificados nos últimos anos. Portugal foi quem mais contribuiu para a redução da imparidade do crédito, tendo o custo do risco do Grupo se situado em 92 pontos base contra 122 pontos verificado no ano anterior (ver ponto​​ 2.4).

Custos operacionais:

Os custos operacionais​​ subiram cerca de 3% face ao ano anterior, devido principalmente ao aumento dos custos com pessoal. Este aumento reflete os efeitos do processo de reposição salarial, ainda que se tenha verificado uma ligeira redução no número de colaboradores. Os custos operacionais também aumentaram na atividade internacional, em parte influenciados pelo aumento de 302 colaboradores na Polónia na sequência da aquisição de ativos e passivos da União de Crédito Cooperativo Skok Piast​​ i.

Outros custos

Esta rubrica inclui essencialmente os interesses que não controlam, que correspondem aos resultados do exercício atribuíveis a terceiros relacionados com as participações detidas no capital social do Bank Millennium na Polónia (49,9%) e do Millennium bim em Moçambique (33,3%).

Outros proveitos líquidos:

Esta rubrica viu o seu resultado diminuir face a 2017 influenciado pelas operações financeiras, em particular pelo impacto negativo das vendas de crédito registadas em 2018 (uma consequência da redução dos NPE), assim como pelos menores proveitos relacionados com a alienação de títulos. As comissões líquidas (comissões relacionadas com o negócio bancário e com os mercados financeiros) e outros proveitos de exploração líquidos (gerados pela alienação de ativos não correntes e verbas​​ destinadas às contribuições obrigatórias como os fundos de resolução) apresentaram um desempenho positivo, mas de menor impacto que os fatores antes referidos.​​ 

Carga fiscal:

O aumento da carga fiscal foi motivado pelo agravamento dos impostos diferidos​​ i.​​ O montante dos impostos diferidos foi de 32 milhões de euros, contra um proveito de 72 milhões de euros verificado em 2017.

 

Estrutura do balanço

Durante o ano de 2018 verificou-se um aumento do balanço consolidado do Millennium MBCP, traduzindo principalmente o crescimento da carteira de títulos ao nível do ativo e o crescimento dos depósitos e outros recursos de clientes, ao nível do passivo. Apesar dos resultados positivos obtidos em 2018, a situação líquida diminuiu (diminuição do​​ book value), o que se​​ deveu em grande parte ao ajustamento de transição para a IFRS 9​​ i.

Ativos

O volume total de ativos sofreu uma diminuição significativa entre 2010 e 2016, devido ao processo de restruturação do banco, tendo-se registado uma inversão da tendência no ano de​​ 2017. O ativo total em 2018 voltou a aumentar, para 75 923 M€ (Figura 3), tendo sido impulsionado maioritariamente pelo aumento da carteira de títulos, mas também pelo aumento da carteira de crédito a clientes e das disponibilidades em​​ Bancos Centrais​​ i​​ e outras instituições de crédito. Em sentido contrário, as rúbricas “ativos não correntes detidos para venda” e “outros ativos” registaram decréscimos.​​ 

 

Figura 3​​ - evolução do total de ativos

 

A estrutura de ativos é muito semelhante​​ à dos restantes bancos a operar em Portugal, com a maior parte dos seus investimentos direcionados para os empréstimos a clientes e os ativos financeiros.

Nos parágrafos seguintes apresenta-se uma descrição detalhada da evolução dos principais​​ ativos.

Figura 4 – ativos

 

  • Carteira de títulos

A evolução da carteira de títulos em 2018, face ao final do ano anterior, foi determinada principalmente pelo desempenho da atividade em Portugal, nomeadamente pelo aumento da carteira de dívida pública. É de realçar que o Banco de Portugal​​ alertou, em junho de 2019, para os perigos associados à forte aposta da banca na compra e venda de dívida pública nacional e à sua excessiva exposição a este ativo.

  • Carteira de crédito a clientes

A carteira de crédito a clientes aumentou ligeiramente face a 2017, impulsionada sobretudo pelo crédito a clientes particulares na atividade internacional, ainda que se tenha verificado uma diminuição do crédito a empresas. Nesta rubrica está incluída uma redução de 1.957 milhões de euros dos NPE face a 31 de dezembro de 2017, mantendo assim a tendência evidenciada nos últimos anos, como referido já em parágrafos anteriores.​​ 

Passivos

O passivo total apresentou um crescimento de 6,5% impactuado pelo crescimento verificado nos recursos de clientes e outros empréstimos.​​ 

O aumento dos recursos de clientes e outros empréstimos e a evolução do crédito face ao ano anterior permitiram uma melhoria do rácio de transformação (quociente entre o crédito líquido e os depósitos e outros recursos​​ de clientes), de 93,1% em 31 de dezembro de 2017 para 87,1% em 31 de dezembro de 2018.​​ 

 

Figura 5​​ – passivos

  • Recurso dos clientes

Os recursos totais dos clientes são a principal fonte de financiamento do banco (Figura 5). O seu​​ valor aumentou 5,2 % face ao ano anterior, refletindo o crescimento dos depósitos e outros recursos de clientes.​​ 

  • Recurso de instituições de crédito

Os depósitos de Bancos Centrais e outras instituições de crédito subiram ligeiramente, traduzindo um aumento das necessidades de financiamento​​ wholesale​​ i.​​ 

Capitais próprios

Apesar da evolução positiva dos resultados líquidos de 2018 (301 milhões de euros) os efeitos desfavoráveis decorrentes do ajustamento de transição para o IFRS 9​​ i​​ após imposto (374 milhões de euros), e a variação negativa das reservas cambiais (105 milhões de euros) associada maioritariamente ao investimento no Banco Millennium Atlântico em Angola, resultaram numa diminuição dos capitais próprios do banco.

 

Rentabilidade

Na sequência do processo de restruturação da banca em Portugal, o MBCP tem vindo a reportar resultados líquidos positivos e crescentes ao longo dos últimos 3 anos (Figura 1). A melhoria do resultado líquido tem sido acompanhada pela evolução, igualmente​​ positiva, da margem financeira.​​ 

A margem financeira representa cerca de 65% da receita operacional (margem financeira mais outros proveitos), assumindo um grande peso no resultado do banco.

Figura 6 – evolução da margem financeira

Em​​ contraciclo, o MBCP verificou uma deterioração do rácio de eficiência operacional ao longo dos últimos 3 anos, registando, em dezembro de 2018, um CtI (Cost to Income)​​ i​​ de 47% (Figura 7). O aumento deste rácio pode representar uma perda de competitividade face aos seus concorrentes. No entanto, interessa referir que este valor representa um bom resultado face à média nacional de 59%.

 

Figura 7​​ – Cost to Income

Ao longo do período de restruturação da banca o MBCP registou perdas​​ por imparidade significativas, que tiveram um grande impacto nos resultados do banco. No entanto, nos últimos 3 anos o volume de perdas tem vindo a diminuir de forma expressiva (Figura 2). Isso contribuiu​​ para que o MBCP registasse um​​ Cost of Risk​​ i, em 2018, de 92 pb, face a 122 pb no ano anterior (Figura 8), significando que as provisões do banco estão, atualmente, mais alinhadas com o volume de empréstimos.

Figura 8​​ – evolução do rácio CoR

 

Solvência e liquidez

No final do ano de 2018 o MBCP apresentou um rácio CET1​​ i​​ phase-in​​ de 12,1% e um rácio CET1​​ fully loaded​​ de 12.0%, posicionando os seus rácios de capital acima dos mínimos exigidos pelos reguladores (Figura 9).

No início de 2019, o Banco reforçou os seus rácios de capital com a emissão de obrigações perpétuas e com emissão de obrigações na Polónia.

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Figura 9​​ – evolução da CET 1 phased-in e fully loaded

Os rácios de liquidez mantiveram a tendência de melhoria dos últimos anos, registando valores acima do mínimo regulamentar de 100%, com 218% para o LCR​​ i​​ e 133% para o NSFR​​ i​​ (Figura 10).​​ 

 

Figura 10​​ – evolução dos rácios LCR e NSFR

 

Avaliação

A performance da banca está particularmente relacionada com os​​ fatores macroeconómicos, sendo especialmente sensível às alterações das taxas de juros, à volatilidade dos mercados, entre outros fatores.

A crise financeira e a entrada da​​ Troika​​ em Portugal causaram um enorme impacto na banca nacional. Mas à custa​​ disso, o MBCP é, hoje, um banco mais bem preparado para situações de crise, com melhores rácios de capital e de liquidez e que vem apresentando um crescimento robusto do resultado líquido ao longo dos últimos anos. Prevê-se que esta tendência de crescimento se mantenha, uma vez que a economia, embora em desaceleração, deverá apresentar uma taxa de crescimento superior a 1%. É sabido que existem ameaças macroeconómicas, como a guerra comercial, o Brexit, ou uma nova escalada das tensões entre os EUA e o Irão. Não obstante, o cenário mais consensual, que vem sendo apontado pelas grandes instituições económicas mundiais, mantém uma perspetiva de crescimento, ainda que em desaceleração, da economia nacional ao longo dos próximos anos.​​ 

Relativamente ao MBCP, as​​ baixas taxas de juros estipuladas pelos bancos centrais será um fator que poderá pesar negativamente ao longo dos próximos anos. Existe uma grande probabilidade do BCE baixar ainda mais a taxa de juro de referência, o que terá um impacto negativo na margem​​ financeira do banco. No entanto, esse efeito será mitigado pelas medidas de compensação que o BCE implementou, para amenizar o efeito potencialmente negativo dos juros na rentabilidade dos bancos.​​ 

A reposição salarial no BCP poderá também ter um impacto​​ negativo no resultado operacional, mas o seu impacto será suavizado pela redução do n.º de colaboradores na instituição.​​ 

A redução do crédito malparado será um dos fatores que mais influência positiva terá no resultado do banco. O crédito malparado deverá​​ manter a sua tendência benigna, podendo o seu custo baixar para metade do valor atual no curso de dois ou três anos, o que irá ter um impacto muito relevante no resultado. Há ainda a registar a aquisição do​​ EuroBank que, embora possa vir a implicar algum​​ investimento de capital inicial, a médio prazo poderá apresentar uma fonte de lucro adicional.

Existem ainda 2 fatores adicionais, que tiveram um impacto negativo nos preços das ações do BCP ao longo de 2019. O primeiro fator tem que ver com o valor associado à multa da Autoridade da Concorrência, que pode ter um impacto negativo de 60M€ no BCP. O segundo fator prende-se com as potenciais perdas relacionadas com a conversão de créditos hipotecários na Polónia, de francos suíços para zlótis.​​ 

O impacto da multa da Autoridade da Concorrência é reduzido, por se tratar de um custo não recorrente e por corresponder, apenas, a cerca de 9% dos lucros antes de impostos previstos para 2019. A longo prazo não terá qualquer impacto nos fundamentais do banco.

A conversão dos créditos hipotecários será um processo moroso, uma vez que cada caso é um caso único, que tem de ser analisado individualmente num tribunal polaco. Mas tem-se registado um crescente número de processos interpostos por clientes com créditos hipotecários, depois da decisão do Tribunal de Justiça Europeu.​​ 

Seja como for, o verdadeiro impacto da conversão dos créditos hipotecários ainda está por medir. Isto porque tem havido decisões contraditórias por parte dos tribunais polacos. Além disso, estes tribunais estão a pedir esclarecimentos sobre os processos que têm em mãos ao Tribunal Europeu de Justiça, que poderá demorar mais de um ano a responder, atrasando os veredictos e aumentando a incerteza para a banca.

A Associação Polaca de Bancos adiantou que até novembro de 2019 houve cerca de mil decisões favoráveis aos bancos e cem aos clientes. Do outro lado da barricada, a firma de advogados Votum SA, que defende os tomadores dos empréstimos, afirmou que os bancos perderam mais de 80% dos processos no quarto​​ trimestre, sendo que, no conjunto do ano, esse número é ligeiramente mais baixo, de 70%.​​ 

O Bank Millennium colocou de lado 150 milhões de zlótis, o equivalente a 1% do seu portfólio de empréstimos em francos suíços. No entanto, há o risco de passar a haver mais decisões favoráveis aos clientes, o que pode ter um impacto significativo no banco e obrigar à criação de provisões bem superiores.

Perante tanta incerteza, desaconselhamos o investimento no MBCP, pelo menos até se conhecerem melhor os contornos associados à conversão dos créditos hipotecários.

  • União de Crédito Cooperativo Skok Piast - O Bank Millennium foi chamado a aderir ao processo de recuperação da SKOK, apoiado pela Autoridade de Supervisão Financeira da Polónia e pelo Fundo de Garantia Bancária. A aquisição do SKOK Piast é uma consequência do mecanismo de estabilidade do sistema financeiro polaco.

  • Ativos de impostos diferidos – Um imposto diferido é um ativo que pode ser utilizado para abater ao lucro tributável durante os próximos anos. Geralmente os ativos por impostos diferidos surgem, na banca, de provisões e imparidades temporariamente não aceites para fins fiscais. O regime especial permite ao sistema bancário beneficiar de uma redução da fatura fiscal ao longo dos próximos anos, tendo em conta o custo das imparidades que tiveram de suportar. O recurso ao regime de ativos por impostos diferidos implica que o Estado fique com o direito a converter em ações 110% do crédito tributário, o que pode significar uma diluição da posição dos restantes acionistas. Os acionistas podem, no entanto, comprar esses direitos ao Estado, na proporção das respetivas participações.​​ 

  • IFRS 9 – Trata-se de uma norma que entrou em vigor em 2018, que visa estabelecer novos princípios referentes a três tópicos principais: a provisão para perdas esperadas associadas ao risco de crédito de ativos financeiros; a classificação e mensuração de ativos e passivos; a contabilidade de cobertura, que trata das estratégias para proteger investimentos. Na prática, a IFRS veio descomplicar e tornar mais transparentes as demonstrações contabilísticas de empresas e instituições financeiras. A criação da IFRS 9 foi motivada pela grande crise económica de 2007 e 2008, quando se identificou a necessidade de substituir o modelo de apuramento de perdas incorridas por um modelo de perdas esperadas. Os riscos estruturais dos bancos no período pré-crise não estavam devidamente identificados, condicionando a tomada de decisões capazes de reverter ou minimizar o quadro que se seguiu. Isso revelou a necessidade de revisão do modelo de supervisão.​​ Embora a nova norma possa implicar um aumento no custo dos produtos e serviços comercializados pelas empresas, também aumentará a transparência, servindo desta forma todos os stackeholders envolvidos.

  • Disponibilidades em bancos centrais – Os bancos da área do euro estão obrigados a deter um determinado montante de fundos como reserva nas suas contas correntes junto do respetivo banco central nacional – são as chamadas “reservas mínimas”. As reservas mínimas obrigatórias são estabelecidas por períodos de seis semanas, designados “períodos de manutenção”. O nível de reservas mínimas é calculado com base no balanço do banco antes do início do período de manutenção. Os bancos têm de assegurar que cumprem, em​​ média, as reservas mínimas ao longo do período de manutenção. Por conseguinte, não precisam de deter todos os dias, nas respetivas contas correntes junto do banco central, o montante total das reservas que lhes são exigidas. Desta forma, é proporcionada uma certa margem de manobra aos bancos, que lhes permite reagir a alterações de curto prazo nos mercados monetários, onde concedem empréstimos entre si, depositando ou levantando fundos das suas contas de reservas mínimas no banco central. Esta possibilidade​​ ajuda a estabilizar as taxas de juro que os bancos cobram entre si para obter fundos de curto prazo (Banco Central Europeu).

  • Wholesale - O financiamento Wholesale difere das fontes tradicionais de financiamento que a banca utiliza, nomeadamente dos depósitos de clientes. O financiamento Wholesale abrange vários tipos de financiamento, tendo origem em entidades de maiores dimensões, como entidades governamentais, instituições financeiras parceiras, entre outras. O uso de financiamento Wholesale em si não é​​ necessariamente mau. Sob as condições certas, permite aos bancos uma fonte de financiamento adicional, representando uma maneira de expandir ou satisfazer as necessidades de financiamento. Pode ser uma via para contornar problemas com a aquisição de novos​​ depósitos, por exemplo.​​ No entanto, apresenta alguns riscos também. As entidades financiadoras procuram os melhores retornos para os seus investimentos, podendo cessar a fonte de financiamento repentinamente, quer por razões macroeconómicas, quer por questões relacionadas com a taxa de retorno do investimento ou com a situação financeira do banco financiado. Entidades demasiado expostas a este tipo de fundos podem apresentar problemas de liquidez quando sujeitas a uma destas ocorrências.​​ 

  • O rácio Cost to Income é uma medida financeira chave, particularmente importante na avaliação dos bancos. Compara os custos de uma empresa com a sua receita. O rácio é obtido pela divisão dos custos operacionais (custos administrativos e fixos, como salários e despesas de propriedade) pelo lucro operacional. O índice dá aos investidores uma visão sobre a eficiência de gestão da empresa - quanto menor é o resultado, mais lucrativo o banco será.​​ 

  • Cost of Risk, ou custo do risco, é uma medida que está correlacionada com o stock​​ de Non Performance Exposures (NPE) e corresponde à relação entre dotações para imparidade (cobertura dos sinais de imparidade identificados na carteira de crédito) e o saldo de empréstimos a clientes.

  • CET1 - O rácio Common Equity Tier 1 (CET1)​​ estabelece um nível mínimo de capital que as instituições devem garantir em função dos requisitos de fundos próprios decorrentes dos riscos associados à sua atividade. Este rácio surgiu na sequência da crise financeira tendo sido formalizada através da diretiva CRD IV/CRR. As entidades reguladoras determinaram um período de transição (phased-in) de menor​​ exigência, para permitirem aos bancos adaptarem-se. Após este período de transição, as metas estabelecidas na diretiva serão totalmente implementadas (fully loaded).​​ 

  • LCR (Liquidity Coverage Ratio) e NSFR (Net Stable Funding Ratio) são indicadores regulamentares de controlo de risco de liquidez. O primeiro mede a liquidez de curto prazo e procura assegurar que os bancos possuem um stock adequado de ativos líquidos de alta qualidade, que podem ser convertidos facilmente em numerário, de forma a cumprirem com as suas necessidades de liquidez num cenário adverso de 30 dias. O NSFR mede a sustentabilidade da estrutura de financiamento de prazos mais longos das instituições e procura assegurar que as obrigações a longo prazo são satisfeitas de forma adequada, tanto em condições normais como de esforço.

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